Acordo EUA-China pode influenciar ações e investimentos internacionais

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Acordo EUA-China pode influenciar ações e investimentos internacionais

Investidores se guiam pela história em negociações comerciais entre EUA e China; ações sobem com expectativas de trégua, enquanto alertas sobre altas avaliações e lucros decepcionantes mantêm cautela

Foto: GettyImages

À medida que se aproximam as negociações comerciais entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, investidores internacionais entram em cena com uma sensação de déjà vu. Há entusiasmo com a possibilidade de uma trégua, mas também apreensão de que o acordo real possa trazer menos benefícios do que se imagina.

Nesta segunda-feira (27), os mercados de ações globais registraram alta após autoridades americanas indicarem que negociadores dos dois países haviam elaborado uma estrutura para reduzir tarifas dos EUA sobre importações chinesas, enquanto Pequim se mostraria disposta a flexibilizar restrições à exportação de terras raras.

Com a expectativa de que Trump e Xi assinem o acordo na quinta-feira (30), o índice S&P 500 subiu 1% e atingiu recorde histórico. Mercados asiáticos, como Coreia do Sul, Taiwan e Japão, também registraram novas máximas. Ao mesmo tempo, ativos considerados porto seguro, como o ouro, recuaram, sinalizando disposição dos investidores a assumir mais riscos.

O padrão se repete: desde a primeira presidência de Trump, o mercado reage de forma intensa a ameaças comerciais, apenas para depois ver recuos do presidente. Esse comportamento é conhecido em Wall Street pela sigla TACO (Trump Always Chickens Out), que indica grandes ameaças seguidas de recuo. Recentemente, Trump ameaçou tarifas adicionais de 100% sobre importações chinesas e controles de exportação de softwares essenciais, após Pequim endurecer restrições às terras raras. Em consonância com o padrão TACO, ações chinesas vêm se recuperando há mais de uma semana, na expectativa do encontro.

Mesmo que o encontro não resulte em um acordo final, os investidores se preparam para aceitar qualquer redução nas tensões comerciais. "Embora haja cautela, existe espaço para aproveitar o fluxo de notícias positivas", afirma Ross Hutchison, chefe de estratégia de mercado da zona do euro no Zurich Insurance Group.

Contudo, outros fatores mantêm a prudência: com ações em máximas históricas e forte concentração em papéis ligados à inteligência artificial, lucros abaixo do esperado podem anular o otimismo de um possível acordo ou amplificar resultados negativos da reunião. "O mercado reage mais à queda do que à alta", alerta Tracy Chen, gerente de portfólio de renda fixa global da Brandywine Global.

O histórico recente reforça o alerta: acordos preliminares entre EUA e China, como o fechado em maio de 2025, em Genebra, nem sempre se concretizam plenamente. "Há um histórico de negociações fracassadas mesmo após um acordo preliminar", lembra Thierry Wizman, estrategista global de câmbio e taxas da Macquarie.

Enquanto isso, fatores externos, como a possibilidade de novo corte de juros pelo Federal Reserve e estímulos à liquidez, podem apoiar a recuperação dos mercados. No entanto, analistas destacam que qualquer resultado negativo ou inesperado no cenário comercial pode gerar maior volatilidade e queda nos ativos globais. 

 

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Sexta, 31 Outubro 2025

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