Os preços do petróleo podem permanecer em níveis mais altos nos próximos anos: enquanto a demanda estiver se recuperando e o suprimento continuar baixo.
Os preços do petróleo podem permanecer em níveis mais altos nos próximos anos: enquanto a demanda estiver se recuperando e o suprimento continuar baixo. O alerta foi feito por Rodrigo Sprea, engenheiro especializado em petróleo e trader profissional da commodity, em entrevista ao nosso portal.
Sprea afirmou que os fundamentos garantem preços mais altos e que a previsão do mercado para o petróleo Brent – usado como referência global – é de, aproximadamente, US$ 85 dólares por barril nos próximos anos. Para ele, este não é um choque temporário, como poderia ser para o gás. "Este deve ser, na verdade, o início de uma reprecificação para cima", disse o especialista.
A aposta do banco Goldman Sachs é a de que o Brent atinja US$ 90 dólares por barril até o final de 2021. Segundo Sprea, o mercado de petróleo está no "maior déficit que vimos em décadas". Para ele, a falta de investimento no fornecimento de petróleo enquanto a demanda cresce aponta para "preços altos sustentados" pelo menos durante todo o ano que vem.
Alertas do mercado
No mercado de carvão os preços estão em níveis recorde devido à encolha na oferta e aumento na demanda. Para o trader, este é um alerta para o mercado de petróleo, que continua com baixa oferta mas segue em demanda crescente. "Estamos enfrentando déficits potenciais de vários anos e o risco de preços significativamente mais altos", disse ele.
Já na transição para energia limpa que vem ocorrendo, o especialista acredita que levará muito tempo para que avancemos. Até lá, os apelos para parar de investir no fornecimento de combustíveis fósseis devem criar "preços de energia muito mais altos", afirmou Sprea. "A demanda está se recuperando ainda mais e, nesse contexto, é preciso olhar com atenção para este investimento", disse ele.
O trader lembrou que os produtores de xisto parecem focados em devolver dinheiro aos acionistas. "Essa é a chave da sustentabilidade dos preços mais altos", disse ele, acrescentando que vê a demanda por petróleo atingir novos recordes em 2022 e 2023. "Os fundamentos realmente apoiam a visão de preços mais altos", encerrou o especialista.