Por Redação em Quarta, 01 Março 2023
Categoria: Economia

“Mapa da Riqueza” da FGV é um alerta para a desigualdade de renda no Brasil

Estudo desenvolvido pela fundação concluiu que o contraste entre recursos dos cidadãos é ainda maior do que o imaginado.

Recentemente a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou uma pesquisa chamada "Mapa da Riqueza", na qual o objetivo principal era identificar onde se encontram os mais afortunados do país, considerando as mudanças em relação à renda após a pandemia de covid-19. Para realizar o levantamento, a instituição mapeou os fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros com os dados do último Imposto de Renda disponível.

Apesar da desigualdade de recursos entre os brasileiros ser um fato conhecido, o relatório sinalizou um número muito maior do que o esperado após a união da base de dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) à da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). 

Riqueza

Segundo a pesquisa da FGV, o Distrito Federal possui a maior declaração de patrimônio por habitante, de R$ 95 mil de reais, na qual apenas a região do Lago Sul concentra R$ 1,4 milhão de reais - sendo que a renda por habitante do bairro corresponde a R$ 23.241,00 reais, número três vezes maior que o referente ao município mais rico do Brasil, Nova Lima em BH, de R$ 8.897,00 reais.

Enquanto isso, o Maranhão detém a menor declaração de patrimônio por habitante, de R$ R$ 6.3 mil de reais.

Altas rendas

O estudo listou os lugares do Brasil com as maiores rendas do IRPF por habitante, confira:

​UNIDADES DA FEDERAÇÃO ​RENDA POR HABITANTE (R$)
​1. BRASÍLIA R$ 3.148
​2. SÃO PAULO​R$ 2.063
3. RIO DE JANEIRO​R$ 1.754
CAPITAIS RENDA POR HABITANTE  (R$)
1. FLORIANÓPOLIS ​R$ 4.215
2. PORTO ALEGRE​R$ 3.775
​3. VITÓRIA​R$ 3.736
​MUNICÍPIOS * ​RENDA POR HABITANTE  (R$)
1. ​NOVA LIMA (BH) ​R$ 8.897
​2. SANTANA DO PARAÍBA (SP)​R$ 5.791
​​3. SÃO CAETANO DO SUL (SP)​R$ 4.698
​4. FLORIANÓPOLIS (SC)​R$ 4.215
​5. NITERÓI (RJ)​R$ 4.192
​6. SANTOS (SP)​R$ 3.783

 * Acima de 50 mil habitantes

Covid-19

O estudo constatou que a pobreza aumentou no país durante a crise de covid-19, já que em dois anos (2019 a 2021), 9,6 milhões de pessoas tiveram suas rendas comprometidas.

Em 2020 - início da pandemia - o Índice de Gini, utilizado para medir o grau de concentração de renda, chegou a marcar 0.7068, bem acima dos 0,6013 calculados apenas com a Pnad contínua. O número demonstra que, contrário do que muitos acreditam, a implementação do Auxílio Emergencial - programa do governo federal brasileiro de renda mínima aos mais vulneráveis - não amenizou a diferença de renda no país. Para o cálculo, quanto mais próximo o índice se encontra do número um, maior é a desigualdade.

No ano seguinte, 62,9 bilhões de brasileiros - ou seja, 29,6% da população total - apresentaram uma renda per capita de até R$ 497,00 reais mensais.

De acordo com o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, "a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021, desde o começo da série histórica da PNAD em 2012, perfazendo uma década perdida. Demonstramos neste trabalho que 2021 é ponto de máxima pobreza dessas séries anuais para uma variedade de coletas amostrais, conceitos de renda, indicadores e linhas de pobreza testados".

E você, teve prejuízos no trabalho ou na sua renda durante a pandemia?

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