A inflação subiu mais do que o esperado em agosto nos Estados Unidos (EUA), mesmo com a queda nos preços do combustível - que compensou no índice a alta em custos como moradia e alimentação. Os dados foram divulgados pelo Bureau of Labor Statistics nesta terça-feira (13).

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que acompanha uma ampla faixa de bens e serviços nos EUA, aumentou 0,1% no mês e 8,3% no ano. Excluindo os custos voláteis de alimentos e energia, o IPC subiu 0,6% em relação a julho e 6,3% em relação ao mesmo mês de 2021.

A expectativa dos economistas, segundo a Dow Jones, era uma queda de 0,1% na inflação principal e um aumento de 0,3% no núcleo. A projeção anual era de ganhos de 8% e 6%.

Custos por setor

Com a queda de 10,6% no índice de gasolina, os preços de energia caíram 5% no mês - compensados no índice por aumentos em outros setores.

Os custos da alimentação subiram 0,8% em agosto e os de moradia, que representam cerca de um terço do peso do IPC, saltaram 0,7% - ficando 6,2% acima do ano anterior.

Dentro do salto nos custos dos alimentos, os preços do pão subiram 2,2% no mês e 16,2% em relação a 2021. Os ovos subiram mais 2,9%, totalizando alta de 39,8% no período de 12 meses - e as frutas enlatadas, muito consumidas nos EUA, aumentaram 3,4% e 16,6%, respectivamente.

As tarifas aéreas continuaram em declínio, com queda de 4,6% no mês, embora ainda 33,4% acima do ano anterior.

Os serviços de assistência médica também aumentaram 0,8% no mês, 5,6% em relação a agosto de 2021. Veículos novos também subiram 0,8%, enquanto os usados caíram 0,1%.

Repercussão

Os mercados caíram após a notícia, com os futuros vinculados ao Dow Jones Industrial Average caindo quase 350 pontos. Os títulos do tesouro de dois anos subiram.

Segundo Mike Loewengart, chefe de construção de portfólio do Morgan Stanley, "a leitura do IPC de hoje é um lembrete do longo caminho que temos até que a inflação volte para a terra". A declaração foi dada ao site especializado CNBC.

Segundo o site, já era consenso de mercado um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros norte-americana na reunião da próxima semana, mas, após a divulgação do IPC, a certeza desapareceu.

Para combater o grande aumento no custo de vida, o Fed já elevou as taxas de juros quatro vezes este ano, para um total de 2,25 pontos percentuais.

O Produto Interno Bruto dos EUA sofreu contração nos dois primeiros trimestres - atendendo a uma definição amplamente aceita de recessão. Recentemente, Jerome Powell disse em discurso que os aumentos de juros do país ainda devem causar "alguma dor".

O Federal Reserve espera desacelerar um mercado de trabalho que registrou sólidos ganhos de emprego ao longo do ano, devido às altas nos salários, feitas na tentativa de aumentar a participação da força de trabalho, que estava menor do que nos níveis pré-pandemia.

E você, o que achou do resultado e o que espera da próxima reunião do Fed?