Os fundos multimercados oferecem certa flexibilidade para investir em diferentes ativos, como moedas, ações, e até commodities. Muitos investidores utilizam esses fundos visando muito mais que o faturamento; mas com o objetivo de se proteger das oscilações do mercado.

De acordo com um levantamento realizado por Marcelo d'Agosto, baseado nos dados da plataforma Morningstar, os dez fundos mais rentáveis de 2021 tiveram um rendimento médio de 28,3% contra 4,4% do CDI.

O primeiro colocado nesse ranking, o ESH Theta FIM, foi um dos casos considerados "fora de curva", pois chegou a registrar um faturamento de 104,2% em 2021. Juntos, os outros nove fundos renderam aproximadamente 19,8% no ano passado, segundo reportagem do Valor Investe.

ESH

O ESH é um case de sucesso devido à sua aposta em "situações especiais" - termo que eles mesmos utilizam -, e sua capacidade de resolvê-las. Uma dessas "situações" foi a incorporação da empresa Smiles pela Gol, no início do ano. 

Após meses de debates, em março, a Gol aprovou um novo acordo: R$ 27 reais por ação da empresa de fidelidade. O fundo da ESH detinha 5% das ações da Smiles, que apenas no mês de março teve valorização acima de 30%.

Outros eventos contribuíram para o resultado: a arbitragem entre papéis preferenciais e ordinários da OI, Telecom, a revisão de proposta de conversão de ações para migração para o Novo Mercado da B3 pela Panvel e as vendas das ações da Bradespar, empresa que possui apenas ações da Vale.

O sócio fundador da ESH Capital, Vladimir Timerman, afirmou em entrevista para o site Valor Investe: "A posição de Bradespar já zeramos. Tiveram alguns passos que esperávamos e estamos de olho no que vai acontecer daqui para frente".

Timerman ainda explicou que o fundo tem pelo menos 60% de seu patrimônio reservado para investir em "situações especiais". "No ano passado tivemos um 'legal claim' que foi importante para a rentabilidade do fundo e o que eventualmente acontece", disse o sócio fundador, sem especificar a qual caso se referia.

"O retorno do fundo vem de a gente agir ativamente e pegar o que outros gestores não gostariam de encarar, e isso gera muito valor para os nossos cotistas" disse Timerman. "Casos em que o mercado está colocando no preço a incerteza de uma situação e acreditamos que, através da nossa atuação, a incerteza pode diminuir em relação ao que o mercado acredita. Fazemos isso conversando, litigando ou notificando, cada caso é um caso". completou.

O sócio fundador da ESH Capital informou que existem três operações em andamento que podem gerar grandes lucros em 2022, e que a empresa está de olho em operações de fusões e aquisições recentes. Uma empresa que eles têm prestado atenção é a Neoenergia, que em 2021 surpreendeu os acionistas com um comunicado de que iria começar a pagar royalties de marca à sua controladora, a Iberdrola.

Sparta

O Sparta Cíclico, que ficou em terceiro lugar no ranking, ganhou seu dinheiro apostando em Commodities, e segundo o que o gestor do fundo, Victor Nehmoi, disse para o Valor Investe, essa estratégia exige muita mão na massa e experiência.

O fundo é antigo, começou como um clube de investimento há 34 anos, mas ganhou um novo propósito em 2020 e acabou dando certo.

Perdas

A reportagem lembra que não foram todos os fundos que se deram bem no ano passado: os grande fundos multifacetados, conhecidos por irem bem, como Dahlia Total Return, O Verde FIM e o Vítreo Carteira Univesa perderam, respectivamente, -7,8%, - 3,2% e -6,1%.

Em 2021 muitos fundos tradicionais da indústria sofreram grande perda financeira, enquanto outros acabaram tendo um resultado muito positivo. Confira a seguir os fundos mais rentáveis do ano passado.

Os 10 fundos multimercados mais rentáveis em 2021: