Atividade industrial enfraquece em dezembro, mas expectativas para 2024 são otimistas
Índice de Intenção de Investimento alcança 57,2 pontos em janeiro, superando média histórica.
A atividade industrial demonstrou enfraquecimento em dezembro de 2023, com redução da produção e do emprego no setor. A retração é esperada para meses de dezembro e ela foi mais branda que o normal no ano passado, segundo mostra a Sondagem Industrial, divulgada nesta quarta-feira, 24, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O índice de evolução da produção industrial atingiu 42,2 pontos em dezembro, abaixo da linha dos 50 pontos, indicando redução no nível de produção em relação a novembro de 2023. O indicador varia de zero a 100 pontos, e números abaixo de 50 sinalizam queda da atividade. Apesar do recuo, o índice está 0,4 pontos acima da média dos meses de dezembro da série histórica, de 41,8 pontos.
O indicador de evolução do número de empregados na indústria fechou dezembro do ano passado em 47,9 pontos, mostrando recuo no emprego industrial frente a novembro. Mas, ainda assim, ficou acima da média histórica, de 46,8 pontos.
A Sondagem Industrial mostra que, embora a retração da produção e do emprego tenha sido mais fraca em relação ao histórico, o nível de estoques passou a situar-se no patamar planejado pelas empresas em dezembro de 2023. Segundo a pesquisa, o indicador do nível de estoques atingiu 47,9 pontos no último mês de 2023, o menor valor atingido pela série desde dezembro de 2020, mostrando que a queda dos estoques foi significativa e disseminada entre as empresas.
Já o indicador de estoque efetivo em relação ao usual caiu 0,7 pontos e registrou 49,9 pontos. "Essa é a primeira vez em 18 meses que o indicador não registra excesso indesejado de estoques", destaca a CNI.
A Utilização da Capacidade Instalada apresentou recuo de 4 pontos porcentuais de novembro para dezembro, atingindo 67%. "O porcentual do mês é igual à média dos meses de dezembro da série, indicando que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra de acordo com o esperado para o período", destaca da CNI.
Condições financeiras
A Sondagem revela que, no último trimestre de 2023, os empresários industriais mostraram menor insatisfação com lucro, menos dificuldade de acesso ao crédito e perceberam altas mais moderadas de preços. A CNI destaca ainda que a percepção a respeito da situação financeira como um todo é positiva.
O índice que mede a satisfação com a situação financeira chegou a 51,1 pontos no último trimestre do ano, após avançar 0,8 ponto em relação ao trimestre anterior. "Embora próximo da linha divisória, o indicador se manteve em campo positivo ao longo da maior parte de 2023 - com exceção do primeiro trimestre do ano - e, no último trimestre, se posicionou 2 pontos acima da média histórica dos quartos trimestres da série, de 49,1 pontos", destaca a entidade.
Expectativas
A pesquisa da CNI revela que, na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, todos os indicadores de expectativas tiveram avanço, demonstrando intensificação do otimismo. "O otimismo é esperado para o período, porém, em 2024, se mostra de forma mais intensa e disseminada que o usual."
O índice que mede expectativa de demanda cresceu 3,6 pontos em janeiro, chegando a 55,6 pontos. O indicador de expectativa de compra de matérias-primas atingiu 54,4 pontos e o indicador de expectativa sobre quantidades exportadas cresceu 2,9 pontos ante dezembro de 2023, chegando a 53,8 pontos em janeiro.
Com aumento do otimismo, o indicador de intenção de Investimento chegou a 57,2 pontos em janeiro, um avanço de 0,9 pontos em relação a dezembro de 2023. O índice está 5,5 pontos acima da média histórica de 51,7 pontos.
Obstáculos
A Sondagem também ouviu os empresários da indústria sobre os principais problemas enfrentados pelo setor. Os principais obstáculos apontados foram os mesmos entre o terceiro e quarto trimestre do ano: a elevada carga tributária, demanda interna insuficiente e taxas de juros elevadas. Apesar de serem os mesmos, as questões sobre demanda interna insuficiente e taxas de juros elevadas tiveram menos assinalações pelo segundo trimestre consecutivo.
A Sondagem Industrial foi realizada entre os dias 4 e 16 de janeiro, com a realização de 1.700 entrevistas com empresários de empresas de pequeno, médio e grande porte.
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