Veja as perspectivas para a Bolsa de Valores no 2° semestre
A maioria das corretoras alteraram suas expectativas quanto ao Ibovespa neste ano.
Mesmo em meio aos desafios do 2º semestre, analistas acreditam que a bolsa de valores brasileira (B3) irá terminar esse ano em um estado mais vantajoso em relação ao atual. Mas eles deixaram claro que as dificuldades internas e externas a serem enfrentadas não serão poucas.
De acordo com analistas ouvidos pelo Valor Investe, as ações estão baratas no Brasil, mas, por conta da alta de juros - medida utilizada para conter a inflação - os investidores não se sentem seguros o suficiente para desfrutarem das oportunidades do mercado.
Por outro lado, os Estados Unidos (EUA) estão beirando uma recessão, com os maiores índices inflacionários em quatro décadas. Com isso, a alta dos títulos americanos deve oferecer bons rendimentos, mas também acabar ofuscando outras bolsas, principalmente as mais arriscadas, como a brasileira.
A Warren (corretora de investimentos) alterou sua projeção do começo do ano para o Ibovespa, de 130 mil para 116,5 mil pontos no final de 2022. Atualmente o índice balança em 100 mil pontos.
Fred Nobre, chefe da área de análise de ações da corretora, disse para o Valor Investe que as ações continuam baratas e as companhias seguem mostrando resultados e pagando dividendos, mas falta fluxo para a bolsa subir em meio a um cenário macroeconômico externo cada vez mais desafiador.
A Toro Investimentos também diminuiu a projeção para este ano, de 132 mil para 117,6 mil pontos. A corretora afirmou estar receosa com o pano de fundo do país, com o cenário interno ameaçando ultrapassar o teto de gastos com a possível aprovação da PEC 16, que prevê aumento do Auxílio Brasil e vale-gás, além de vouchers para caminhoneiros.
"Apesar de considerarmos que a bolsa está atrativa, com inflação e juros altos, riscos fiscais, eleições e receio de recessão externa, os próximos meses serão de muita volatilidade" disse Lucas Carvalho, chefe da área de análise de ações da Toro, na mesma reportagem.
Diante do cenário atual, Carvalho recomendou aos investidores comprarem suas ações de forma gradual a fim de atingir um bom preço médio, além de focar em investir em seus papéis a longo prazo.
A Órama Investimentos também não está otimista e teve que alterar sua estimativa para o Ibovespa até dezembro, de 130 para 125 mil pontos.
Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, essa é a hora de aproveitar os descontos. "Tem que comprar bolsa ao som dos canhões e vender ao som dos violinos. Se está barato, compra, se está caro, vende. E está barato", disse ao Valor Investe.
O economista-chefe da corretora ainda chamou atenção para o múltiplo P/L (P de preço de ação dividido por L de lucro por ação) da média de empresas do Ibovespa que, quanto maior, mais tempo leva para os resultados cobrirem o preço de compra das ações. Atualmente o P/L é do índice corresponde a seis, ou seja, seis anos de espera.
"É muito atrativo. Na década de 2010, com o Brasil em recessão durante 2015/2016, o P/L do Ibovespa era de 13. Com todos os problemas e dúvidas, de lá para cá, a economia brasileira melhorou, mas a bolsa ficou ainda mais descontada", explicou Espírito Santo.
"Passada as eleições, e salvo a alta de juros nos Estados Unidos trazer uma onda de pânico, estrangeiros devem voltar a correr atrás dos descontos no Brasil", afirmou o economista.
Já a XP Investimentos aumentou sua expectativa para o Ibovespa no final do ano, de 123 para 130 mil pontos. A corretora afirmou, na reportagem, notar sinais de melhora na economia e nas empresas neste ano.
"Continuamos otimistas com o Ibovespa, bem posicionado em comparação ao resto das bolsas do mundo. O ciclo de elevação de juros está acabando no Brasil, os lucros das companhias estão crescendo e os papéis estão baratos", afirmou Jennie Li, estrategista de ações da XP.
E você, o que espera do mercado brasileiro até o final do ano?
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