Minério e exterior por temor com dívida dos EUA impedem alta do Ibovespa
Mercado espera a conclusão da votação do arcabouço fiscal, com a análise de quatro destaques.
A cautela externa expressada principalmente nos mercados acionários e no minério de ferro são fatores de baixa ao Ibovespa no início do pregão desta quarta-feira (24). Ao mesmo tempo, o mercado espera a conclusão da votação do arcabouço fiscal, com a análise de quatro destaques. No fim da noite de terça, o texto foi aprovado em plenário da Câmara com regras mais duras, por 372 votos favoráveis e 108 contrários.
O placar da votação das novas regras fiscais foi melhor do que o da urgência da proposta (367 votos a 102), na semana passada, o que eleva perspectivas de avanço da reforma tributária e pressão para início da queda da taxa Selic. "O que mais pesa positivamente é o placar da votação", diz a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Na visão de Helena, era para o Ibovespa estar "bombando" após a aprovação das novas regras fiscais, mas o exterior atrapalha. "Essa questão da dívida americana não é novidade e sempre acaba sendo negociada, mas traz desconforto de curto prazo", afirma.
"O dia começou um pouco mais nervoso lá fora, diante dessa falta de solução do teto da dívida americana. Ainda tem a ata do Fomc hoje, que pode dar algum sinal. Temos visto praticamente dois mercados: o da tecnologia, com algumas ações se destacando em alta, e a economia real, com outros setores sofrendo pelas questões associadas ao crédito e ao temor de recessão. As commodities sentem", avalia João Piccioni, analista da Empiricus Research.
A principal mudança no texto das novas regras fiscais é a que retirou o aumento automático de 2,5% das despesas do governo em 2024. A proposta aprovada agora condiciona a elevação de gastos no ano que vem ao aumento de receitas. Com a modificação, ainda em 2023, se calcula o limite de despesas para 2024 com base na variação de 70% da receita acumulada em 12 meses até junho.
Conforme a LCA Consultores, o arcabouço fiscal veio reduzir (mas não eliminar) as incertezas quanto à condução da política econômica e em relação à dinâmica da dívida pública.
Para Piccioni, da Empiricus, o mercado já precificou a aprovação do arcabouço fiscal. "Não acho que virá alguma surpresa em relação à votação dos destaques. De todo modo, a aprovação tira o bode da sala de a dívida do País de explodir", avalia.
Em meio à falta de avanço nas negociações sobre o teto da dívida americana e dúvidas sobre demanda, o minério de ferro fechou em baixa de 4,61% em Dalian, abaixo da marca dos US$ 100 dólares por tonelada, a US$ 96,97. Já o petróleo amplia ganhos da véspera, com forte queda nos estoques nos Estados Unidos. As ações da Petrobras sobem, enquanto as da Vale caem em torno de 2,00%.
Dividido entre o otimismo com o arcabouço fiscal e o temor externo, o Ibovespa fechou a terça-feira em queda de 0,26%, perdendo o importante nível dos 110 mil pontos (109.928,53 pontos). Com isso, marcou dois pregões seguidos de baixa.
Às 11h15, cedia 0,47%, aos 109.408,78 pontos, depois de recuar 1,05%, na mínima aos 108.774,83 pontos.
Nesta quarta, a agenda de indicadores está esvaziada internamente, lá fora os destaques são a divulgação da ata da última reunião de política montaria do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e falas de autoridades monetárias, que poderão ajudar nas apostas para os juros nos EUA e na Europa.
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