O índice fechou em alta de 1,36%, a 119.263,89 pontos, no maior nível desde o último dia 5.
O Ibovespa evitou perdas pela segunda sessão, nesta quinta-feira, 13, decididamente no campo positivo sem esmorecer no fechamento, aos 119 mil pontos - diferentemente de ontem, quando perdeu força e quase entregou o sinal positivo no fim do dia. Nesta quinta-feira, andando à frente de Nova York na maior parte da sessão, oscilou entre mínima de 117.668,13 e máxima de 119.739,09 pontos, fechando em alta de 1,36%, aos 119.263,89 pontos, no maior nível desde o último dia 5. Desde 14 e 15 de junho, a referência da B3 não conseguia emendar dois ganhos diários.
Com o desempenho desta quinta-feira, o Ibovespa volta a subir no mês (+1,00%), revertendo também ao positivo na semana (+0,31%) - no ano, avança 8,68%. Após o reforço proporcionado pelo vencimento de opções sobre o índice, ontem, o giro financeiro encolheu hoje, a R$ 20,7 bilhões.
"Alta forte do Ibovespa, mantendo a recuperação desde o fim de março, em velocidade rápida desde os 98 mil até a região dos 120 mil pontos, ficando meio de lado nas últimas três semanas. Quando há retomada intensa, sem correção, mostra resiliência. O ambiente macro ainda é de compressão de risco, o que se vê desde o arcabouço fiscal e, depois, com a queda da inflação - agora, com a reforma tributária aprovada na Câmara -, o que ampara a visão de que o Copom inicie o corte de juros", diz Felipe Moura, analista e sócio da Finacap Investimentos.
Lá fora, o destaque do dia foi o câmbio, com a moeda americana em baixa ante referências como euro, iene e libra, do índice DXY, refletindo a expectativa de que o Federal Reserve tem pela frente apenas mais um aumento de juros, de 25 pontos-base, na reunião do fim de julho. O otimismo desde o exterior decorreu da leitura desta manhã sobre o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, que corroborou a visão do mercado sobre a inflação ao consumidor, em arrefecimento significativo no acumulado em 12 meses, em junho.
Com isso, o índice DXY operou abaixo dos 100,00 pontos nesta quinta-feira, o que não se via desde abril de 2022, observa Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos. "Olhando um pouco mais para o gráfico mensal, esses patamares são de início da pandemia, ali por 2020", acrescenta. "Essa região abaixo de 100 para o DXY é bem importante para o mercado, com o dólar mostrando forte desaceleração ante essa cesta de moedas", na expectativa por menos rigor do Fed na condução da política monetária americana, logo à frente.
A acomodação do dólar contribuiu para que os futuros mais líquidos do petróleo fechassem hoje em alta pelo terceiro pregão seguido, com o Brent no maior nível desde abril de 2023. Em outro desdobramento favorável às ações de commodities, o minério subiu hoje 1,59% em Dalian, China. Assim, Vale (ON +2,33%) e Petrobras (ON +1,46%, PN +1,58%) se alinharam aos ganhos vistos nas ações de maior peso no Ibovespa, como as de grandes bancos, com destaque para Bradesco (ON +2,03%, PN +2,48%). Na ponta do índice, Cyrela (+8,69%), Usiminas (+4,49%) e 3R Petroleum (+4,17%), com Petz (-5,12%), Gol (-3,21%) e Carrefour Brasil (-3,14%) no lado oposto.
Assim, o índice de materiais básicos (IMAT), exposto a commodities, subiu hoje 1,50%, em avanço bem mais significativo do que o leve ganho de 0,23% para o de consumo (ICON), índice correlacionado ao ciclo doméstico.
Sem muitos catalisadores internos para orientar os negócios na sessão, o impulso ao Ibovespa se concentrou na inflação ao produtor abaixo do esperado para junho nos Estados Unidos, na medida em que, na agenda global, controle da inflação vis-à-vis o nível em que já estão as taxas de juros continua a ser tema central, aponta Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos. "Aumenta assim a expectativa de que o Fed, ao fim da próxima reunião, já possa vir com tom menos duro", diz.
Por outro lado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que, apesar dos efeitos da política monetária restritiva do G20 estarem aparecendo, e de a inflação estar diminuindo, a pressão dos preços continua alta e os esforços desinflacionários provavelmente levarão tempo. Dessa forma, a prioridade da política monetária deve ser trazer a inflação de volta à meta e manter as expectativas ancoradas, acrescenta o FMI.
Nos Estados Unidos, a presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta quinta-feira que ainda é "razoável" esperar mais duas altas de juros este ano Em entrevista à CNBC, a dirigente defendeu que seria prematuro declarar vitória contra a inflação nos Estados Unidos, apesar da desaceleração do índice de preços ao consumidor (CPI).