Entenda o que está por trás das desistências de IPOs na B3

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Entenda o que está por trás das desistências de IPOs na B3

17 empresas já desistiram de fazer ofertas públicas de ações em 2022. 

Foto: Pexels/Pixabay.

À espera de um momento mais favorável, 17 empresas desistiram de abrir seu capital este ano. Isso não é um bom sinal para as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), e ao que tudo indica, esse ano o número de estreias na bolsa será bem menor do que em 2021.

A alta do Ibovespa e a entrada de mais de R$ 47 bilhões de reais em capital estrangeiro na Bolsa de Valores do Brasil (B3) não foi suficiente para manter a certeza de que abrir capital em 2022 é um bom negócio. Segundo reportagem do Valor Econômico, o dinheiro está entrando em renda variável, mas a maior parte vai para papéis com mais liquidez e nomes conhecidos.

Segundo um executivo especializado em renda variável de um banco estrangeiro em entrevista ao jornal, o fluxo comprador de ações está vindo de fundos passivos ou ETFs com participação relevante no Brasil.

"Os investidores estão alocando no país para se expor ao retorno do mercado brasileiro como um todo" disse o executivo, que também afirmou que só mais à frente tende a haver uma seleção mais refinada de ativos.

Para Eduardo Miras, diretor do banco de investimentos Citi, também entrevistado na reportagem, o que vem impedindo as empresas de abrirem o capital é a alta volatilidade do mercado.

O diretor também observou que a definição de preço de uma empresa no IPO depende da comparação com empresas do mesmo setor que têm o capital aberto. "Se você tem muita variação nas referências, é difícil encontrar um preço que satisfaça a todos os agentes envolvidos", exemplificou Miras.

Follow-ons X IPOs

A maioria dos bancos de investimentos acredita que os follow-ons (ofertas subsequentes de ações - quando a empresa já tem o capital aberto e já fez o IPO, as novas ofertas são subsequentes) terão muito mais sucesso em 2022, já que é menos arriscado para o investidor participar da oferta de ações de uma empresa que já está no mercado.

O diretor do banco de investimento Itaú BBA, Roderick Greenlees, disse ao Valor Econômico que espera entre 25 e 35 transações de mercado de capitais no ano, com um peso maior de operações subsequentes. "Se eu estiver na ponta inferior, estou falando de 15 follow-ons e dez IPOs. Talvez tenhamos de 20 a 25 follow-ons", acrescentou Greenlees.

O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, afirmou em teleconferência sobre o balanço do banco que o momento segue mais uma perspectiva de follow-ons e não de IPOs, mas o banco continua a ver um mercado mais seletivo devido à taxa de juros mais alta.

A BRF conseguiu levantar R$ 5,4 bilhões de reais em uma operação no início do mês; a próxima pode ser a Alpargatas, com uma operação que poderia movimentar mais de R$ 2 bilhões de reais.

Quanto às IPOs, nenhuma operação foi realizada. Houve apenas um pedido da Senior Sistemas para abrir o capital da empresa na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Empresas que desistiram de IPO

A maioria das 17 empresas que suspenderam a abertura de capital não descartam a ideia de oferecer papéis em um futuro mais benéfico.

Segundo André Luiz Chieppe, diretor de finanças e relação com os investidores da empresa VIX, o ambiente mudou muito desde o primeiro protocolo da CVM. "Vimos discussões no Congresso se intensificando, comprometendo mais gastos do governo, o mercado financeiro com muita preocupação quanto ao controle das contas públicas, e começaram os primeiros sinais da inflação acelerando acima da expectativa, o que refletiu em aumento de juros", disse Chieppe durante a entrevista.

A VIX foi uma das empresas que desistiu de abrir o capital, comunicando a decisão ao mercado nesta semana. A empresa afirmou que continua atenta ao mercado, principalmente no segundo semestre, a fim de retomar a IPO em momento oportuno.

A Cencosud, varejista chilena, também foi uma das que cancelaram a abertura de capital, mas a empresa afirmou ao Valor Econômico que está disposta a reiniciá-la "quando as condições de mercado a justificarem".

E você, o que acha do movimento de recuo das IPOs? Conte para a gente! 

 

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Quinta, 21 Novembro 2024

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