Mercosul: o que vai acontecer após a eleição de Milei?
Indústria defende 'fortalecimento rápido' do bloco.
Em meio a preocupações sobre o futuro do bloco após a eleição na Argentina, o Mercosul precisa passar por um "fortalecimento rápido", na avaliação da Indústria dos seus integrantes - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O setor defende a robustez do conglomerado por meio de um documento apresentado aos governos nesta segunda-feira, 27, e que lista as medidas prioritárias para a agenda do bloco.
No domingo, numa guinada de comportamento em relação à campanha, o presidente eleito argentino, Javier Milei, deu sinais mais favoráveis ao bloco.
A conclusão do tratado comercial Mercosul-União Europeia e a implementação do acordo de facilitação de comércio do grupo econômico estão entre as medidas apontadas como fundamentais pelo Conselho Industrial do Mercosul, formado pela União Industrial Argentina (UIA), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pela União Industrial Paraguaia (UIP) e pela Câmara de Indústrias do Uruguai.
A declaração conjunta foi apresentada durante o XI Fórum Empresarial do Mercosul, evento prévio à cúpula do bloco, promovido pela CNI e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Além de firmar o compromisso de colaborar ativamente com o desenvolvimento do Mercosul, a Indústria enfatizou a importância da cooperação com as agendas para estimular o crescimento sustentado e aprofundar a parceria estratégica entre os países da região. "O Mercosul tem importante papel no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Por exemplo, cada R$ 1 bilhão exportado pelo País para o Mercosul, em 2022, gerou quase 25 mil empregos e mais de R$ 550 milhões em renda na economia brasileira", calculou o diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI, Rafael Lucchesi.
O Brasil é atualmente o presidente temporário do bloco. "A parceria econômica com o Mercosul é fundamental para o Brasil e tem papel estratégico no processo de fortalecimento da indústria nacional", avaliou o presidente da CNI, Ricardo Alban. "Na agenda externa, uma das principais recomendações é a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia, uma oportunidade que não podemos perder se quisermos de fato dar um salto na inserção competitiva das nossas economias", continuou.
Cinco pontos
A declaração conjunta listou as cinco prioridades do setor. A primeira é a implementação do acordo de facilitação de comércio no Mercosul e, a segunda, a conclusão do acordo com o bloco europeu. O terceiro ponto é o da promoção da agenda de comércio e sustentabilidade da região; o quarto, a realização de progressos para a convergência de regulamentação, e o quinto é a necessidade de criar um mecanismo de diálogo formal com o setor produtivo.
De acordo com a CNI, o Mercosul é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. As exportações têm grande participação da indústria de transformação, especialmente de bens de consumo duráveis de bens de capital. Em 2022, o bloco foi o principal destino das exportações brasileiras desses produtos. A entidade lembrou que uma pesquisa realizada neste mês revelou que associações empresariais de indústria e empresas brasileiras têm agenda para fortalecer e ampliar o Mercosul: 78% das entidades setoriais e 76% das empresas avaliam que, na agenda externa, a prioridade deve ser a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia.
O acordo Mercosul-Canadá também foi apontado como prioridade pela maioria dos respondentes, indicado por 59% das entidades e por 51% das empresas. Ao todo, 104 entidades e 222 empresas brasileiras foram ouvidas sobre as principais ações necessárias ao bloco durante a gestão brasileira.
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