“Mapa da Riqueza” da FGV é um alerta para a desigualdade de renda no Brasil
Estudo desenvolvido pela fundação concluiu que o contraste entre recursos dos cidadãos é ainda maior do que o imaginado.
Recentemente a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou uma pesquisa chamada "Mapa da Riqueza", na qual o objetivo principal era identificar onde se encontram os mais afortunados do país, considerando as mudanças em relação à renda após a pandemia de covid-19. Para realizar o levantamento, a instituição mapeou os fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros com os dados do último Imposto de Renda disponível.
Apesar da desigualdade de recursos entre os brasileiros ser um fato conhecido, o relatório sinalizou um número muito maior do que o esperado após a união da base de dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) à da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD).
Riqueza
Segundo a pesquisa da FGV, o Distrito Federal possui a maior declaração de patrimônio por habitante, de R$ 95 mil de reais, na qual apenas a região do Lago Sul concentra R$ 1,4 milhão de reais - sendo que a renda por habitante do bairro corresponde a R$ 23.241,00 reais, número três vezes maior que o referente ao município mais rico do Brasil, Nova Lima em BH, de R$ 8.897,00 reais.
Enquanto isso, o Maranhão detém a menor declaração de patrimônio por habitante, de R$ R$ 6.3 mil de reais.
Altas rendas
O estudo listou os lugares do Brasil com as maiores rendas do IRPF por habitante, confira:
UNIDADES DA FEDERAÇÃO | RENDA POR HABITANTE (R$) |
1. BRASÍLIA | R$ 3.148 |
2. SÃO PAULO | R$ 2.063 |
3. RIO DE JANEIRO | R$ 1.754 |
CAPITAIS | RENDA POR HABITANTE (R$) |
1. FLORIANÓPOLIS | R$ 4.215 |
2. PORTO ALEGRE | R$ 3.775 |
3. VITÓRIA | R$ 3.736 |
MUNICÍPIOS * | RENDA POR HABITANTE (R$) |
1. NOVA LIMA (BH) | R$ 8.897 |
2. SANTANA DO PARAÍBA (SP) | R$ 5.791 |
3. SÃO CAETANO DO SUL (SP) | R$ 4.698 |
4. FLORIANÓPOLIS (SC) | R$ 4.215 |
5. NITERÓI (RJ) | R$ 4.192 |
6. SANTOS (SP) | R$ 3.783 |
* Acima de 50 mil habitantes
Covid-19
O estudo constatou que a pobreza aumentou no país durante a crise de covid-19, já que em dois anos (2019 a 2021), 9,6 milhões de pessoas tiveram suas rendas comprometidas.
Em 2020 - início da pandemia - o Índice de Gini, utilizado para medir o grau de concentração de renda, chegou a marcar 0.7068, bem acima dos 0,6013 calculados apenas com a Pnad contínua. O número demonstra que, contrário do que muitos acreditam, a implementação do Auxílio Emergencial - programa do governo federal brasileiro de renda mínima aos mais vulneráveis - não amenizou a diferença de renda no país. Para o cálculo, quanto mais próximo o índice se encontra do número um, maior é a desigualdade.
No ano seguinte, 62,9 bilhões de brasileiros - ou seja, 29,6% da população total - apresentaram uma renda per capita de até R$ 497,00 reais mensais.
De acordo com o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, "a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021, desde o começo da série histórica da PNAD em 2012, perfazendo uma década perdida. Demonstramos neste trabalho que 2021 é ponto de máxima pobreza dessas séries anuais para uma variedade de coletas amostrais, conceitos de renda, indicadores e linhas de pobreza testados".
E você, teve prejuízos no trabalho ou na sua renda durante a pandemia?
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