A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (20), após um polêmico plano de corte de impostos e empréstimo bilionário que abalou os mercados financeiros e que levou a uma revolta dentro de seu próprio Partido Conservador. Truss ficou no cargo por apenas 44 dias, o mandato mais curto da história britânica.

A mandatária disse, em um comunicado, que a visão para uma economia com impostos baixos e alto crescimento pensada por ela tiraria vantagem das liberdades do Brexit. Em sua saída, afirmou: "Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Portanto, falei com Sua Majestade o Rei para anunciar que estou renunciando ao cargo de líder do Partido Conservador". Seu partido deve promover uma eleição de liderança na próxima semana.

Reflexos no mercado

A libra subiu 1% no dia em relação ao dólar, no nível em que estava no dia 22 de setembro, antes do orçamento de movimentação de mercado ser proposto por Truss. Os rendimentos dos títulos de 30, dez e cinco anos também recuaram após o breve discurso de renúncia da primeira-ministra.

Histórico da crise

Em 23 de setembro, o ministro das Finanças de Truss, Kwasi Kwarteng, anunciou um orçamento que deu início a um período turbulento para os mercados de títulos do Reino Unido, que recusaram os cortes de impostos financiados por dívida que ele apresentou. A maioria das políticas foi revertida três semanas depois pelo segundo ministro das Finanças indicado por Truss, Jeremy Hunt, mas já era tarde para ela.

Futuro

A renúncia deixa o status da atualização orçamentária que deveria ser entregue pelos conservadores em 31 de outubro incerto, mas Truss afirmou que a transferência da liderança deve "garantir a entrega dos planos fiscais".

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou, após a notícia da saída da primeira-ministra, que os países seguirão como fortes aliados e amigos duradouros – e que esse fato nunca mudará.

De acordo com nota do economista-chefe da Capital Economics no Reino Unido, Paul Dales,  ao site CNBC, o novo primeiro-ministro precisará "fazer mais" para recuperar a confiança dos mercados financeiros: "Em apenas algumas semanas, a política fiscal passou de ultrafrouxa para menos frouxa e totalmente rígida".

Mas ele afirmou que a renúncia de Truss é um passo que precisava acontecer para que o governo do Reino Unido avançasse no caminho para restaurar a credibilidade aos olhos dos mercados financeiros. Agora, lembra o especialista: "o novo primeiro-ministro e seu chanceler têm uma grande tarefa de conduzir a economia através da crise do custo de vida, da crise do custo dos empréstimos e da crise do custo da credibilidade".

E você, acredita que o Reino Unido vai conseguir sair da crise econômica em que está? Conte sua opinião para a gente!