A expectativa de uma desaceleração na inflação da zona do euro foi arruinada com o aumento do índice, que bateu novo recorde no mês de janeiro. O Banco Central Europeu (BCE) finalmente admitiu que as pressões dos preços não são tão inofensivas e temporárias como havia sido dito anteriormente.

Segundo dados da Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, a inflação dos 19 países que fazem parte da zona do euro acelerou a 5,1% em janeiro ante 5% em dezembro. O resultado ficou bem acima das expectativas de desaceleração, que projetavam inflação a 4,4%.

A alta nos preços de energia permanece na região e um possível motivo de pressão política sobre o BCE é o fato do preço dos alimentos não processados terem subido mais de 5%. Agora, a inflação se encontra acima do dobro da meta de 2% do BCE.

O economista especialista em zona do euro do banco de investimentos francês Natixis, Dirk Schumacher, afirmou, em entrevista ao site Investing, que o BCE "precisa reconhecer que há riscos de alta e que o trajeto (da inflação) que eles traçaram em dezembro parece muito benigno". Segundo ele, as pressões de preços subjacentes permanecem altas e colocam o BCE em uma posição desconfortável.

Ao contrário do BCE, que insistiu por meses que a inflação é algo transitório, o Federal Reserve dos Estados Unidos abandonou o discurso e admitiu que deve realizar altas nos juros durante 2022.

O BCE ainda argumentou que o crescimento salarial, que é uma pré-condição para a inflação sustentada, ainda é moderado - e que o crescimento dos preços é fraco.

A inflação observada pelo BCE, desconsiderando os alimentos e combustíveis, desacelerou de 2,7% para 2,5%. Uma medida que exclui produtos com álcool e tabaco aponta desaceleração de 2,6% para 2,3%. Mas embora o núcleo da inflação da zona do euro tenha desacelerado, continua acima da meta definida pelo BCE.

A presidente do banco, Christine Lagarde, reconheceu que a inflação pode ultrapassar as projeções, mas deve rebater as perspectivas crescentes para a alta do juros.

Próximos passos

Nesta quinta-feira (3), o BCE realiza reunião de política monetária, após minimizar a alta de preços que vem ocorrendo há meses na zona do euro, com o argumento de que a alta é algo temporário e que a inflação irá diminuir sozinha em breve. No entanto, o banco já foi forçado no passado a aumentar suas previsões.

Analistas consideram que é improvável que o BCE faça alterações na política monetária após ampliar o estímulo por meio de um pacote complexo em dezembro.

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