Inflação: IPCA de janeiro mostra pressão geral sobre preços
O índice alto aumenta as apostas do mercado em uma maior elevação da taxa Selic.
O resultado do IPCA de janeiro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9), mostrou que o Brasil segue sofrendo pressões inflacionárias em diversos setores. Alimentação em domicílio, bens industriais e serviços puxaram o índice para cima, atingindo a maior variação para janeiro desde o ano de 2016: 0,54%. A expectativa do mercado era de 0,56%.
Apesar da porcentagem alta, houve uma desaceleração em comparação ao mês de dezembro, quando o IPCA foi medido em 0,73%. Mas em 12 meses, o índice voltou a ganhar força, passando de 10,06% para 10,38%. A meta de inflação do Banco Central para o ano é de 3,5% e o teto de tolerância da meta é de 5%.
Os núcleos de inflação, que buscam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis, seguem em nível elevado: baixaram de 0,9% em dezembro para 0,87% em janeiro. Em 12 meses, é uma subida de 7,42% para 7,88%.
Inflação por setor
Os bens industriais subiram 1,22% em janeiro, afetados pelos problemas de distribuição nas cadeias globais e pela desvalorização do câmbio - completando o sexto mês com alta superior a 1%. Em 12 meses, a inflação desses bens avançou 12,68%. Em maio de 2020, a variação em 12 meses era zero.
A alimentação no domicílio voltou a avançar com força em janeiro, com alta de 1,44%, puxada por frutas, carnes e café. Em dezembro, a inflação do setor foi medida em 0,79%.
Os serviços tiveram desaceleração, caindo de 0,79% em dezembro para 0,39% em janeiro, freados pela queda de 18,35% nos preços das passagens aéreas. Mas a inflação subjacente dos serviços mostrou aceleração, subindo de 0,8% para 0,94%. O índice subiu de 5,91% em dezembro para 6,18% em janeiro, segundo dados da MCM Consultores Associados em dados presentes em reportagem do Valor Econômico.
Futuro
Segundo a análise de Sergio Lamucci, a forte alta dos juros deve derrubar o IPCA ao longo do ano, mas em um processo que tende a ser lento enquanto persistirem as pressões inflacionárias, já que a inércia - quando a inflação passada alimenta a inflação futura - complica o cenário.
Governo e o Congresso devem votar as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que afetam as contas públicas, como redução de impostos e aumento de gastos - o que também deve retardar o processo de queda da inflação.
Para Lamucci, a Selic, elevada recentemente para 10,75%, deve superar 12% ao ano.
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