Fed deve reduzir juros nesta quarta-feira e sinalizar nova rodada de cortes até o início de 2026
Banco central dos EUA deve anunciar uma redução de 0,25 ponto percentual, diante da desaceleração do mercado de trabalho e da inflação mais branda
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deve anunciar nesta quarta-feira (29), por volta das 15h (BRT), uma nova redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros americana. Será a segunda queda no ano, e analistas avaliam que outros cortes podem ocorrer até o início de 2026.
A decisão reflete a tentativa da instituição de conter uma desaceleração mais acentuada no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que a inflação mostra sinais de alívio. A expectativa é de que o corte leve a taxa de referência para a faixa entre 3,75% e 4,00%.
Os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos aumentaram nas últimas semanas, sugerindo que o mercado de trabalho está perdendo força. Parte dos indicadores econômicos permanece incompleta, já que a paralisação do governo norte-americano atrasou a divulgação de dados oficiais, incluindo a taxa de desemprego, estimada em 4,3% em agosto. No entanto, a inflação apresentou resultados mais brandos. O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 3% nos 12 meses até setembro, abaixo das previsões do mercado, reduzindo as preocupações com os efeitos das tarifas sobre os preços.
Esses dados fortalecem a expectativa de que o Fed siga com uma política de flexibilização gradual, buscando equilibrar o risco de recessão com o de uma inflação ainda acima da meta oficial de 2%. Na reunião anterior, em setembro, o comunicado do Fed mencionou a possibilidade de "ajustes adicionais" nas taxas (expressão interpretada como um indicativo de novos cortes). A vice-presidente de Supervisão, Michelle Bowman, afirmou que o texto "claramente abre espaço" para reduções futuras.
De acordo com o economista-chefe do JP Morgan, Michael Feroli, o Fed deve evitar adotar um tom excessivamente confiante sobre as próximas etapas, mas dificilmente sinalizará uma pausa no processo de cortes. "Mesmo que parte do comitê prefira um tom mais cauteloso, a liderança tende a manter o discurso aberto para novas flexibilizações", disse Feroli.
O presidente do Fed, Jerome Powell, não deve se comprometer publicamente com novas quedas de juros durante a coletiva de imprensa após a decisão de quarta-feira. Economistas do Deutsche Bank acreditam que ele deve "manter todas as opções em aberto" até a próxima reunião, marcada para dezembro. Até lá, o Fed terá acesso a dados econômicos atualizados, incluindo três meses de estatísticas sobre emprego e produção, o que pode alterar as projeções sobre o ritmo da economia americana.
Os mercados financeiros já precificam novas reduções nas reuniões de dezembro e janeiro, apostando em um ciclo de afrouxamento monetário contínuo.
Além da decisão sobre os juros, o Fed pode anunciar o fim da redução de seu balanço patrimonial, encerrando o processo conhecido como "aperto quantitativo" ainda neste mês. Analistas preveem que a reunião será marcada por discussões sobre como a instituição deve ajustar sua comunicação com o mercado, buscando oferecer maior previsibilidade sobre a trajetória das taxas de juros.
A decisão do Fed tem impacto direto sobre os mercados globais. Cortes de juros nos Estados Unidos tendem a enfraquecer o dólar, valorizar ativos de risco e influenciar o comportamento dos fluxos de capital, fatores que devem repercutir no câmbio, nos índices futuros e nas commodities nos próximos dias.
Com informações de Reuters
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