ESG existe mesmo no Brasil? Veja como está o mercado
BC criou uma agenda que estimula empresas a seguirem com os princípios ESG.
O Banco Central (BC) criou uma agenda que estimula as empresas a seguirem com os princípios ESG, que envolvem questões ambientais, sociais e de governança. Mas muitos especialistas apontam pontos fracos na agenda, enquanto outros alegam que as medidas deixariam o país na vanguarda em relação a finanças sustentáveis.
O BC anunciou regras e comunicou aos bancos que terão que incluir as mudanças climáticas quando falarem sobre gerenciamento de riscos. Os bancos têm um prazo até julho deste ano para adicionar as novas mudanças ao cálculo.
Os fatores socioambientais já eram considerados pelas instituições financeiras, porém a nova medida torna os fatores climáticos algo importante a ser monitorado. Agora, as instituições terão que levar em consideração em suas análises perdas devido a secas, ciclones, geadas e etc.
O Banco Central determinou que as instituições publicassem suas políticas ambientais, sociais e climáticas antes das novas regras se tornarem obrigatórias. Os bancos deverão obedecer às regras do Task Force on Climate related Financial Disclosures (TCFD), grupo que se encarrega de fomentar que as empresas relatem aos seus investidores os riscos relacionados às mudanças climáticas.
O jornal Folha de S. Paulo reuniu a opinião de especialistas no assunto em reportagem de Thiago Bethônico. As opiniões dos especialistas sobre a nova agenda do Banco divergem em vários aspectos. Acompanhe as principais delas a seguir.
Opiniões de especialistas
Para Amaury Oliva, diretor de sustentabilidade da agenda do Banco Central, o gerenciamento de risco junto com os fatores climáticos não é novidade, porém agora as regras estão mais detalhadas e definidas pelo próprio regulador. Segundo Oliva, a nova agenda do BC ressalta a importância das medidas ESG no setor bancário.
De acordo com Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, o BC realizou essa mudança de forma tardia. O mesmo ressalta que o debate do gerenciamento de riscos levando em conta as mudanças climáticas já vem acontecendo na Europa há muito tempo. Ele ainda destacou que a economia está atrelada a várias atividades que são devastadoras, e, portanto, acabam gerando gases de efeito estufa que mantém o Brasil longe da economia de baixo carbono.
Gustavo Pinheiro, coordenador do portfólio de economia de baixo carbono no Instituto Clima e Sociedade, também manifestou sua opinião: ele acredita que as novas regras do BC colocam o Brasil na vanguarda regulatória de riscos relacionados ao clima para as instituições. Segundo Pinheiro, "o BC tem o mandato de regulação de instituições financeiras, supervisão, fiscalização e de fazer política monetária. Não vai ser a regulação das instituições que vai gerar a descarbonização de toda a economia brasileira".
O Banco Central também criou o Bureau de Crédito Rural Sustentável junto com novas regras de risco. Esse bureau faz parte da terceira medida tomada pela instituição e tem como objetivo reunir informações sobre os beneficiários de financiamentos do setor agrícola. A criação do bureau irá ajudar na concessão de crédito, que será mais barata para os produtores que adotam as práticas instituídas.
Segundo Amaury Oliva, essa é uma iniciativa importante e vai funcionar como um cadastro positivo. Para ele, quanto mais informações o público tiver sobre os empreendimentos, mais segurança terá na oferta de crédito.
Para o presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Marcello Brito, as medidas anunciadas pelo BC também são muito bem-vindas.
E você, acredita na implementação do ESG no Brasil? Conte para a gente!
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