Caso de doença da “vaca louca” no Pará foi confirmado; e agora?
Os últimos episódios no país, atípicos, foram registrados em 2021.
Na quarta-feira (22) o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como doença da "vaca louca" em Marabá, no estado do Pará.
Logo em seguida, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) foi informada e amostras foram enviadas para o laboratório de referência da instituição localizado em Alberta, no Canadá. De acordo com o ministro do Mapa, Carlos Fávaro, as características encontradas no animal, um macho de nove anos, indicam que esta seria uma forma atípica da doença. Ainda segundo ele, o resultado do teste deve se informado na semana que vem.
Quanto ao alto consumo de carne bovina no país, Fávaro assegurou à CNN Brasil que as devidas providências governamentais estão sendo tomadas e que não há motivos para preocupação.
Os últimos casos da doença registrados no Brasil foram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Atualmente o país é considerado pela OIE com o menor grau de risco para a doença.
Doença da "vaca louca"
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica foi identificada pela primeira vez em 1986, no Reino Unido, mas já esteve presente em 25 países. A incapacidade de prever o tamanho da epidemia da variante - supostamente transmitida para os humanos através da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) no consumo de alimentos - em 1990 desencadeou uma crise de saúde pública.
A adoção de medidas de controle ao redor do mundo foram essenciais para a redução da prevalência da EEB clássica que temos atualmente. Além disso, o impacto sanitário também se tornou menor ao longo do tempo.
Clássica ou atípica?
A doença que afeta o sistema nervoso dos bovinos "clássica" - ou típica - ocorre através da ingestão de alimentos contaminados, enquanto na sua versão "atípica", acredita-se que apareça de forma natural e esporádica nos bovinos, devido ao seu próprio envelhecimento.
Rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies - ingredientes proibidos para serem utilizados em alimentação de pasto no Brasil - também podem contribuir para o desenvolvimento do caso clássico de EEB.
Consequências no mercado global
O caso em investigação fez com que as exportações de carne bovina para a China fossem suspensas na quinta-feira (23). De acordo com o ministro do Mapa, esta é uma "iniciativa protocolar de suspender todos os certificados de exportações para que nós possamos dar as informações necessárias para que o mais rápido possível possamos reabrir os mercados internacionais, em especial o da China que é nosso maior comprador".
A interrupção da venda dos alimentos nestas situações está presente nos acordos bilaterais de comércio entre países, mas a China é o único a exigir tais condições protocolares - isso não impede outros compradores de seguirem o mesmo caminho.
"Quando o mercado suspende suas exportações cria um certo temor e isso balança um pouco o mercado da carne negativamente. Mas nosso trabalho é agir com rapidez e transparência para que mais rápido possível retornarmos à normalidade", assegurou o gestor.
Em 2021, quando os últimos dois casos atípicos da doença foram confirmados no país, as exportações de carne para a China foram interrompidas por mais de 100 dias.
Queda na bolsa de valores
No dia seguinte ao anúncio do autoembargo do Brasil, o preço do boi gordo despencou no estado de São Paulo para o seu número mais baixo desde novembro de 2021.
De acordo com o indicador do CEPEA/B3 - responsável por monitorar as movimentações deste mercado - uma arroba de 15 quilos chegou a ser negociada no preço médio de R$ 267,45 reais na quinta-feira (23) - valor 10,7% abaixo comparado ao dia anterior.
"A queda é impacto da China. Isso afetou o mercado à vista, futuro e as ações. Se a gente tiver algo parecido com o visto no embargo chinês de 2021, os preços poderão cair um pouco mais porque, na época, a queda chegou perto de 15% e 20%", explicou o sócio-diretor da Athenagro Consultoria, Maurício Palma Nogueira, à CNN Brasil.
E você, o que espera desse mercado nas próximas semanas? Conte para a gente!
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