Banco da Inglaterra corta juros para 3,75% e sinaliza cautela com novos cortes em 2026
Decisão foi tomada em votação apertada e reforça cenário global mais conservador dos bancos centrais
O Banco da Inglaterra decidiu reduzir a taxa básica de juros nesta quinta-feira, 18 de dezembro, às 9h40 (BRT), em uma votação apertada, ao mesmo tempo em que adotou um tom mais cauteloso sobre novos cortes ao longo de 2026. A decisão marca o quarto corte de juros realizado em 2025.
A taxa caiu de 4,0% para 3,75%, após cinco dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária votarem a favor da redução. Quatro membros defenderam a manutenção, citando preocupações com a inflação, que segue elevada em relação a outras economias desenvolvidas. O voto decisivo veio do governador Andrew Bailey, que mudou sua posição e definiu o resultado.
Segundo Bailey, os juros seguem em uma trajetória de queda gradual, mas o espaço para reduções adicionais está cada vez mais limitado. Ele destacou que ainda não há sinais claros de um enfraquecimento mais profundo do mercado de trabalho e que as expectativas de inflação seguem resistentes.
A inflação no Reino Unido recuou nos dados mais recentes, divulgados nesta semana, chegando a 3,2%, mas continua a mais alta entre os países do G7. Parte dessa pressão é atribuída ao aumento de impostos sobre empregadores aprovado no ano passado. Apesar disso, o Banco da Inglaterra avalia que a inflação deve retornar à meta mais rapidamente no curto prazo, embora reconheça que os riscos de persistência ainda existem.
Os dados do mercado de trabalho mostram sinais de desaceleração, com desemprego no maior nível desde 2021 e perda de força no crescimento dos salários do setor privado. Ainda assim, membros mais conservadores do comitê afirmaram que o risco de a inflação permanecer elevada é maior do que o de uma queda excessiva.
No campo da atividade econômica, o banco central revisou suas projeções e agora espera crescimento zero nos últimos três meses de 2025. A economia britânica já apresentou retração de 0,1% no trimestre encerrado em outubro, refletindo, entre outros fatores, a cautela das empresas antes do orçamento divulgado em novembro.
O Banco da Inglaterra também avaliou que o orçamento deverá reduzir a inflação em cerca de 0,5 ponto percentual em 2026, devido a medidas pontuais, mas tende a pressioná-la levemente nos anos seguintes. O impacto sobre o crescimento deve ser limitado, com acréscimo máximo de 0,2 ponto percentual em 2026 e 2027.
Para o investidor brasileiro, a decisão reforça um cenário global de maior prudência dos bancos centrais. O Federal Reserve já sinalizou apenas mais um corte de juros em 2026, enquanto o Banco Central Europeu deve encerrar seu ciclo de afrouxamento. Esse ambiente mantém os mercados atentos a inflação, atividade econômica e política monetária, com efeitos diretos sobre câmbio, juros e fluxo de capitais para o Brasil.
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