Quantidade de inadimplentes é a maior em dez meses, segundo CNC.
"Embora o endividamento mostre tendência de queda, os indicadores de inadimplência, por outro lado, seguem acelerando. O volume de consumidores com dívidas atrasadas (30,2%) chegou à maior proporção desde novembro de 2022, com três em cada dez pessoas endividadas apontando algum compromisso atrasado. O número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores é o maior da série histórica, 13% do total de consumidores no País", frisou a CNC, em nota.
A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A proporção de consumidores com dívidas atrasadas há mais de 90 dias alcançou 47,8% do total de inadimplentes, maior proporção desde o início da pandemia, em março de 2020. O comprometimento da renda com dívidas também cresceu nos últimos três meses, para uma média de 30,1% do rendimento familiar, maior porcentual desde janeiro deste ano, frisou a nota da CNC.
"A queda da inflação e o mercado de trabalho formal ainda absorvendo pessoas de menor instrução vêm favorecendo os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas recorram ao crédito. No entanto, com juros de mercado elevados e maior quantidade de dívidas a vencer, as famílias encontram dificuldade de quitar os compromisso em aberto há mais tempo, com o avanço das despesas com juros", justificou a entidade.
Na passagem de agosto para setembro, houve elevação na proporção de endividados entre os mais pobres, mas queda na classe média.
"É importante ressaltar que essas famílias terão seus CPFs desnegativados a partir deste mês, no âmbito do programa 'Desenrola'", ponderou a CNC.
No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 79,1% em agosto para 79,4% em setembro. Na classe média, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados caiu de 78,4% para 77,9%, e, no grupo de cinco a dez salários mínimos, houve diminuição de 75 4% para 74,3%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.
Quanto à inadimplência (deixar de pagar as contas em dia), no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de inadimplentes subiu de 37,9% em agosto para 38,6% em setembro. Na classe média, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 28,5% para 27,6%, e, no grupo de cinco a dez salários mínimos, houve ligeiro aumento de 21,9% para 22,1%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia de inadimplentes avançou de 14,6% para 14,8%.
O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 86,2% dos entrevistados, seguida por carnês (17,0%), crédito pessoal (9,1%), financiamento de carro (7,7%) e financiamento de casa (7,5%).