Ibovespa devolve ganhos da manhã e sobe apenas 0,09%, aos 117,6 mil pontos
O índice foi impactado pela leitura comportada sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI).
Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o Ibovespa devolveu grande parte do ânimo visto pela manhã, quando a leitura comportada sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) em junho reforçou a percepção de que o ciclo de elevação dos juros na maior economia do globo esteja próximo de nova pausa, após a reunião do Federal Reserve no fim deste mês, quando a taxa de referência deve ser elevada em 25 pontos-base e, provavelmente, mantida até o fim do ano.
Assim, em Nova York, os ganhos da quarta-feira chegaram a 1,15% no Nasdaq - índice americano mais exposto à tendência de curto prazo dos juros -, enquanto o Ibovespa, muito comedido no fechamento, subiu apenas 0,09%, a 117.666,49 pontos, tendo chegado a 119.156,48 na máxima do dia, saindo de mínima na abertura aos 117.557,13.
Reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro subiu a R$ 55,5 bilhões na sessão. Na semana, o índice de referência da B3 ainda cede 1,04%, negativo em 0,36% no mês - em 2023, sobe 7,23%.
"O Ibovespa teve acomodação ao longo da tarde após o entusiasmo da manhã, com a leitura sobre a inflação nos Estados Unidos. O índice da B3 tem operado em modo de consolidação, mostrando firmeza acima dos 116 mil pontos, mas também dificuldade para superar resistência em torno dos 121 mil pontos", diz Alex Carvalho, analista da CM Capital, mencionando topos de abril e de outubro de 2022, em que o Ibovespa também encontrou dificuldade na região dos 120,5 mil pontos como visto recentemente, em junho.
"Para buscar novas máximas, o Ibovespa precisará contar com apoio maior das commodities, especialmente do setor metálico, que ficou para trás em meio a dúvidas sobre a demanda e o ritmo de atividade na China. Segue também a expectativa de que estímulos à economia chinesa poderiam trazer impulso maior aos preços desses ativos", acrescenta o analista.
Dessa forma, embora tenha fechado hoje em alta de 0,71%, moderada no fim da tarde, e de avançar 2,43% na semana e 4,41% no mês, Vale ON ainda acumula perda de 22,90% no ano. Outros nomes do setor metálico também mostram retração em 2023, embora bem mais discretas, como Gerdau PN (-1,32% no ano) e CSN ON (-5,56%) - hoje, a primeira subiu 2,09% e a segunda teve alta de 1,37%.
Na B3, o desempenho negativo das ações de grandes bancos (BB ON -1,61%; Santander Unit -1,22%, mínima da sessão no fechamento) foi o contraponto ao dia relativamente favorável às de commodities metálicas, após avanço de 2,61% para o minério de ferro em Dalian, China. Por sua vez, mesmo com a alta do petróleo na sessão, Petrobras perdeu força à tarde, o que contribuiu para acomodação do Ibovespa a patamares mais baixos do que os vistos pela manhã: no fechamento, a ON da estatal cedia 0,30%, com a PN pouco acima da estabilidade (+0,07%).
Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para JBS, em alta de 9,05%, após a empresa anunciar planos para dupla listagem, na B3 e em Nova York, o que puxou também o desempenho de outro frigorífico, Marfrig (+2,03%), nesta quarta-feira. Com o enfraquecimento do dólar pós-CPI, o avanço do Brent na sessão - acima de US$ 80 por barril pela primeira vez desde maio - ajudou Prio (+2,09%), com B3 (+2,30%) e Gerdau completando a lista de destaques da sessão. No lado oposto, Pão de Açúcar (-5,82%), Méliuz (-4,42%), Azul (-4,28%), Petz (-3,39%) e Via (-2,97%).
"O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI, movimentou bastante a manhã, ao trazer um arrefecimento da inflação, a 3% no acumulado em 12 meses, melhor do que o esperado, com surpresa positiva também sobre o núcleo de preços em junho", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, destacando o fechamento bem forte na curva de juros americana e o recuo do dólar frente ao real - no encerramento do dia, a moeda americana indicava baixa de 0,90%, a R$ 4,8180.
"O indicador de inflação ao consumidor americano animou investidores no início do pregão, mas não o suficiente para reverter expectativas de que o Banco Central do país, o Fed, eleve mais uma vez as taxas de juros em sua reunião no próximo dia 26", observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. "Nessa linha, dados ainda fortes de atividade econômica e mercado de trabalho, divulgados hoje no Livro Bege - análise sobre o estado da economia nas diferentes regiões do país -, reforçam o tom duro recente dos diretores do Fed", acrescenta.
No front doméstico, ela observa que ações ligadas ao setor de consumo perderam força, hoje, com destaque para as empresas de varejo. Segundo Rachel de Sá, além dos dados de endividamento divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio, o desempenho positivo dos serviços em maio, divulgado hoje de manhã pelo IBGE, acima do consenso para o mês, sugere que os "preços no setor terciário da economia continuam subindo a ritmo substancialmente mais alto do que a meta do Banco Central" para a inflação.
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