Os preços do gás natural devem continuar altos?
A demanda por gás natural cresce na corrida dos países para abandonar o carvão e o petróleo.
Com a crise energética global, os preços do gás dispararam para níveis recordes na Europa e na Ásia. Isso vem ocorrendo devido a preocupações com o abastecimento, enquanto vários fornecedores de energia no Reino Unido entraram em colapso.
No Brasil, em maio de 2021 houve um reajuste de 39% pela Petrobras e, em agosto, o gás natural comercializado pela estatal aumentou mais 7%. A previsão é a de que o gás natural fique mais caro em 2022, acompanhando o mercado internacional.
Segundo analistas internacionais, em entrevista ao site CNBC, a tendência é que o fornecimento de gás natural aumente gradativamente nos próximos anos, antes de saltar em 2025. Mas eles estão divididos quanto à demanda continuar ou não a superar a oferta.
Para Richard Gorry, diretor-gerente da JBC Energy Asia, a atual crise do gás provavelmente se repetirá. "Esta será uma crise que se repetirá nos próximos três ou quatro anos – simplesmente porque não temos muitos novos suprimentos de gás natural entrando no mercado nesse período", afirmou Gorry. E continuou: "Em 2025 a situação pode mudar, mas acho que definitivamente teremos alguns anos em que veremos altos preços de energia".
Já James Whistler, chefe global de derivados de energia da corretora de navios Simpson Spence Young, não espera que os preços permaneçam altos. "Este é um problema de curto prazo (...) em março ou abril do próximo ano veremos preços muito mais razoáveis reaparecendo", disse o executivo.
Aumento na demanda por energia limpa
A demanda por gás natural – menos poluente do que outros combustíveis tradicionais – cresce à medida que os países tentam abandonar o carvão e o petróleo. Para Gorry, isso significa que o mundo não tem gás suficiente e que o mercado ficará muito apertado nos próximos três anos.
"Mesmo que a escassez de gás não leve a outra crise de energia, pode fazer com que o mundo volte ao carvão e ao petróleo", alertou Gavin Thompson, vice-presidente de energia da Ásia-Pacífico da Wood Mackenzie. Ele espera que o gás "tenha um papel proeminente" no movimento gradual em direção a um mix de energia mais limpa.
Mas ele alerta: "Se os produtores não investirem o suficiente, os compradores podem voltar aos combustíveis tradicionais. Esse é um grande risco, porque desacelerar o ritmo da transição energética tornará as metas para 2030 e 2050 muito difíceis de cumprir".
Para Anthony Yuen, chefe de estratégia de energia da Citi Research, o fornecimento de gás está "melhorando". Ele observou que os principais terminais de exportação de gás natural liquefeito (GNL) estão entrando em operação e a produção deve aumentar na Europa, Rússia e China.
"A crise neste ano foi resultado de uma confluência de fatores — de baixa geração de energia hidrelétrica na América Latina a uma demanda muito forte de energia", disse Yuen. Ainda assim, ele não descartou completamente uma repetição da crise de energia. "Nunca diga nunca", afirmou o analista.
Para Yuen, os preços devem cair após o inverno no hemisfério norte e "muito mais" em 2025 — quando os novos terminais de exportação de GNL devem entrar em operação.
Comentários: