Lealdade acima de competência: Trump prioriza aliados fiéis em importantes nomeações para o governo
O presidente eleito já começou as suas nomeações para o seu cabinete de governo, onde o principal requisito parece ser alinhamento à sua maneira de pensar.
A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos reacendeu debates sobre a condução política do novo presidente, especialmente em relação ao perfil dos escolhidos para cargos-chave de sua administração. Em um movimento que surpreendeu Washington, Trump anunciou a nomeação de Matt Gaetz, um de seus aliados mais leais e figura controversa, para o cargo de procurador-geral. Esse anúncio reforçou o que vem se tornando evidente desde que o presidente eleito iniciou as nomeações: a lealdade incondicional parece ser a principal credencial exigida para as posições mais importantes de seu governo.
Entre as outras nomeações, destacam-se a ex-democrata Tulsi Gabbard, uma crítica da ajuda à Ucrânia e apoiadora de Trump, para a liderança da inteligência nacional, e Pete Hegseth, veterano e apresentador da Fox News, para a Secretaria de Defesa. Esses nomes indicam que Trump busca consolidar sua base fiel dentro de agências críticas para a segurança nacional e a defesa do país, possibilitando um alinhamento de ideias com a sua agenda e um controle direto sobre essas áreas.
A presença de figuras tão polarizadoras e, em alguns casos, controversas, levanta dúvidas sobre o impacto desse viés de lealdade na eficiência e integridade dos serviços governamentais. Marco Rubio, nomeado para a Secretaria de Estado, e John Ratcliffe, para a CIA, representam escolhas mais convencionais, mas ainda assim, carregadas de alinhamento com a ideologia de Trump e resistência à cultura "woke".
Desafios com o senado
Com figuras como Gaetz, a gestão de Trump já enfrenta reações não apenas dos democratas, mas também de membros do próprio partido. Gaetz tem um histórico polêmico, com investigações passadas sobre alegações de escândalos éticos e comportamentais. A senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, declarou que não considera Gaetz um candidato sério para a posição, uma postura que reflete o desconforto de parte dos republicanos do Senado com as indicações. A expectativa é que o Senado seja um fator limitante para nomeações controversas, especialmente diante de possíveis audiências de confirmação.
Lealdade como princípio de governo
Trump segue destacando o que Stephen Wertheim, do Carnegie Endowment for International Peace, chama de "a guerra cultural", priorizando figuras que simbolizam a luta contra a cultura progressista e que atendem à demanda de "o visual" apropriado para liderar no cenário midiático. Essa lógica de governança pode impactar decisões políticas e de segurança nacional em momentos críticos, dada a falta de experiência de alguns nomeados em questões centrais para seus cargos.
Apoio condicional e alinhamento ideológico
A seleção de figuras públicas com pouca experiência no cenário internacional, mas alinhadas ideologicamente com Trump, é um risco que pode alienar aliados internacionais e aprofundar divisões políticas internas. Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, foi designado como embaixador em Israel, enquanto Steven Witkoff, investidor imobiliário próximo a Trump, foi escolhido para representar os EUA no Oriente Médio, ambos baseados principalmente na lealdade pessoal ao presidente eleito.
Trump parece decidido a utilizar sua rede de apoio para fortalecer a execução de sua visão política, levantando questionamentos sobre a capacidade desses líderes de atuarem com imparcialidade e eficiência nos desafios internacionais e domésticos. Embora essa estratégia possa garantir apoio leal dentro do governo, resta saber até que ponto o Senado e o próprio cenário internacional estarão dispostos a se alinhar a essas escolhas.
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