EUA: Payroll sobe além do esperado; saiba detalhes
Possível recessão da economia americana segue no radar econômico mundial.
O crescimento do emprego acelerou em um ritmo muito mais rápido do que o esperado nos Estados Unidos em junho, segundo o payroll, relatório do Departamento de Trabalho do país, que reúne dados dos empregos não-agrícolas.
As folhas de pagamento observadas aumentaram 372 mil no mês de junho, bem acima da estimativa de 250.000 novos empregos prevista pela Dow Jones. A taxa de desemprego foi de 3,6%, inalterada em relação a maio e em linha com as estimativas.
A medida de desemprego que inclui trabalhadores desalentados - aqueles que não procuram emprego porque acreditam que não irão encontrar - e com empregos de meio período por motivos econômicos caiu acentuadamente, de 7,1% para 6,7%.
"O forte ganho de 372 mil em folhas de pagamento não-agrícolas em junho parece zombar das alegações de que a economia está entrando, e muito menos já entrando, em uma recessão", disse Andrew Hunter, economista sênior da Capital Economics, ao site CNBC.
As ações americanas baixaram um pouco após a divulgação do relatório, enquanto os títulos do governo subiram acentuadamente. Já Tesouro de dez anos rendeu 3,06% e o de dois anos, 3,103%, em uma relação chamada de "inversão" - que historicamente foi sinal confiável de recessão.
Salários
O salário médio por hora aumentou 0,3% no mês e subiu 5,1% em relação ao ano anterior.
O valor dos vencimentos significa que os funcionários do Federal Reserve "provavelmente avançarão com aumentos agressivos das taxas nos próximos meses", segundo o economista. A ata do Fomc (comitê responsável pela política monetária norte-americana) indicou uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em julho.
"Faça os grandes aumentos de juros quando a economia estiver forte e o mercado de trabalho aguentar", disse o governador do Federal Reserve (Fed), Christopher Waller, na quinta-feira (07).
Por setor, os serviços de educação e saúde lideraram a criação de empregos, com 96 mil contratações, enquanto os serviços profissionais e empresariais adicionaram 74 mil vagas. Lazer e hospitalidade ganharam 67 mil postos, assistência médica 57 mil e transporte e armazenamento 36 mil.
Outros setores que apresentaram fortes ganhos foram indústria, com 29 mil, informação, com 25 mil e assistência social, com 21.000 mil. Já os empregos no governo fecharam 9 mil vagas.
O total de empregos ficou em 755 mil, abaixo do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020.
Perigo de recessão
A taxa de inflação dos EUA está no ritmo mais rápido desde o início dos anos 1980. Os preços dispararam na bomba de combustível, no supermercado, e em praticamente todos os gastos do dia a dia.
Para combater o aumento da inflação, o Fed instituiu uma série de aumentos nas taxas de juros com o objetivo de desacelerar a economia sem causar recessão. No entanto, indicadores recentes mostram que o crescimento econômico esfriou consideravelmente.
A inflação atingiu especialmente as famílias de baixa renda. Segundo a reportagem do CNBC, os gastos dessas famílias caíram 1% em relação ao ano anterior e o Produto Interno Bruto do país contraiu 1,6% no primeiro trimestre - e deve cair 1,9% no segundo trimestre, atendendo à definição de recessão técnica.
Segundo o economista-chefe do PNC Financial Services Group, Gus Faucher, o crescimento muito forte de empregos "demonstra claramente que a economia dos EUA não está nem perto da recessão em meados de 2022".
E você, acredita que a recessão norte-americana está mais perto ou mais longe?
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