Economia brasileira está em retração?
Monitor do PIB, da FGV mostra dados diferentes do que os divulgados pelo Banco Central.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve uma queda de 0,3% em julho ante junho, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com julho de 2022, a atividade econômica teve expansão de 1,8% em julho de 2023.
"A retração de 0,3% da economia brasileira em julho é explicada, pela ótica da oferta, por quedas nas três grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços) e, pela ótica da demanda, por recuos no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo", afirmou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB - FGV, em nota oficial.
"Destaca-se a retração do consumo das famílias, de 1,8% na comparação com o mês anterior", disse Juliana na nota. "É a primeira retração após cinco meses consecutivos de crescimento e ocorreu de forma disseminada entre os tipos de consumo. Embora a economia tenha apresentado resiliência do crescimento no primeiro semestre do ano, o resultado de julho acende alerta sobre a sustentabilidade do mesmo patamar de crescimento no restante de 2023."
O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.
No trimestre móvel encerrado em julho de 2023, o PIB teve expansão de 2,7% ante o mesmo período do ano anterior.
Na terça-feira, 19, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), e o índice mostrou a economia brasileira crescendo 0,44% em julho na margem, com ajuste. Confira os dados completos nesta reportagem.
PIB por segmento
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 2,6% no trimestre móvel encerrado em julho, na comparação interanual. No trimestre móvel encerrado em junho, o índice havia avançado 3%, lembrou Trece. "Desde o final de 2022 há uma tendência de desaceleração do crescimento do consumo das famílias explicada, principalmente, pela redução do crescimento do consumo de serviços", informou a FGV em nota.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) teve uma retração de 3,2% no trimestre móvel findo em julho, ante o mesmo período do ano anterior.
"O segmento de máquinas e equipamentos, que tem apresentado quedas desde o trimestre findo em janeiro, segue ampliando sua retração e registrou queda de 9,4% no trimestre móvel findo em julho", informou a FGV.
A exportação de bens e serviços registrou crescimento de 15,1% no trimestre até julho, com avanço de todos os componentes. "Destacam-se as exportações das commodities - produtos agropecuários (29,1%) e extrativa mineral (27,1%) -, que foram responsáveis por cerca de 80% do desempenho positivo", citou a FGV.
Por outro lado, a importação retraiu 0,9%. "Apesar das contribuições positivas das importações de consumo e de bens de capital, a retração de 5,7% na importação de bens intermediários justifica esta queda no total das importações", disse em nota a entidade.
Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 6,109 trilhões no acumulado de 2023, em valores correntes.
A taxa de investimento da economia foi de 17,4% em julho de 2023, pouco acima da média histórica desde 2015, mas abaixo da média histórica desde 2000.
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