Ata do Fed: altas nos juros dos EUA acabaram?
O banco central americano divulgou nesta quarta, 16, a ata da sua última reunião. Leia os principais pontos do documento.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos (EUA), divulgou na tarde desta quarta-feira, 16, as minutas da sua última reunião, realizada em 25 e 26 de julho. O documento traz um panorama a respeito da decisão de aumentar os juros em 0,25 pontos percentuais tomada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) - que culminou em uma taxa de juros no maior nível em mais de 22 anos: entre 5,25% e 5,50%.
Mas, afinal, o que a ata da última reunião revela? Será que o ciclo de altas de juros nos EUA se encerrou?
O presidente da autarquia, Jerome Powell, na coletiva de imprensa realizada logo após a reunião, afirmou que seria preciso acompanhar os próximos dados da economia norte-americana para decidir os rumos da curva de juros. Confira a seguir os principais pontos revelados no documento divulgado hoje.
Principais pontos da ata do FOMC:
Autoridades do Federal Reserve expressaram preocupação com o ritmo da inflação e disseram que mais aumentos de juros podem ser necessários no futuro - a menos que as condições mudem.
As discussões mostraram que a maioria dos membros teme que a luta contra a inflação esteja longe de terminar e possa exigir uma ação adicional de aperto.
"Com a inflação ainda bem acima da meta de longo prazo do Comitê e o mercado de trabalho permanecendo apertado, a maioria dos participantes continuou a ver riscos significativos de alta para a inflação, o que pode exigir mais aperto da política monetária", afirma-se no resumo da reunião.
Alguns membros do colegiado já afirmaram que acham que novos aumentos de juros podem ser desnecessários, mas a ata sugere cautela. As autoridades observaram a pressão de várias variáveis e enfatizaram que as decisões futuras serão baseadas nos dados recebidos.
"Ao discutir as perspectivas de política, os participantes continuaram a julgar que era crítico que a postura da política monetária fosse suficientemente restritiva para retornar a inflação ao objetivo de 2 por cento do Comitê ao longo do tempo", afirma o documento.
Os membros concordam que a inflação está "inaceitavelmente alta", mas também apontam indícios de "uma série de sinais preliminares de que as pressões inflacionárias podem estar diminuindo".
A decisão do aumento da taxa de juros em 0,25 p.p. foi quase unânime.
A ata observou que a economia deve desacelerar e o desemprego provavelmente aumentará um pouco. Os economistas da equipe retiraram uma previsão anterior de que os problemas no setor bancário poderiam levar a uma recessão leve este ano - conforme antecipado na fala de Jerome Powell em 26 de julho.
Os membros do FOMC enfatizaram os riscos de ambos os lados das possíveis decisões: o perigo de afrouxar a política muito rapidamente e arriscar uma inflação mais alta contra um aperto excessivo e levar a economia à contração.
Dados recentes mostram que, embora a inflação ainda esteja a uma boa distância da meta de 2% do banco central, ela vem baixando desde o pico acima de 9% em junho de 2022.
Os ganhos do PIB ficaram em média acima de 2% no primeiro semestre de 2023, com a economia crescendo mais 5,8% no terceiro trimestre, de acordo com projeções atualizadas do Fed de Atlanta. Enquanto isso, o crescimento do emprego desacelerou um pouco, mas permanece robusto, com as vagas de emprego chegando a níveis recorde e superando o número de trabalhadores disponíveis.
Os juros vão parar de subir nos EUA?
Algumas autoridades do Fed indicaram que cortes nas taxas são improváveis neste ano, mas que os aumentos podem ter acabado. Os presidentes regionais John Williams, de Nova York, e Patrick Harker, da Filadélfia, afirmaram na última semana que a linha atual pode ser mantida. Análises do CME Group apontam para menos de 40% de chance de outro aumento na taxa antes do final do ano.
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A ata do FOMC pode ser visualizada integralmente neste link (em inglês).
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