Por Maria Eduarda Cabral em Terça, 28 Outubro 2025
Categoria: Tecnologia

Microsoft e OpenAI fecham novo acordo e liberam captação de recursos para o criador do ChatGPT

Reestruturação transforma a OpenAI em empresa de benefício público, fortalece o comando de Sam Altman e redefine os laços com a Microsoft, que mantém 27% de participação

A Microsoft e a OpenAI anunciaram nesta terça-feira (28), às 14h40 (BRT), um novo acordo que redefine sua parceria e permite à criadora do ChatGPT operar com mais liberdade para levantar recursos. A mudança marca a transição da OpenAI para uma Public Benefit Corporation (PBC), uma estrutura que combina fins lucrativos com propósito público, fortalecendo a posição do CEO Sam Altman no comando da empresa e ampliando seu poder de decisão no setor de inteligência artificial.

O acordo elimina restrições impostas desde 2019, quando a OpenAI firmou parceria com a Microsoft em troca de acesso à infraestrutura de nuvem Azure, essencial para rodar seus modelos de IA. Com o novo arranjo, a OpenAI ganha autonomia para buscar novos investidores e expandir suas operações sem depender exclusivamente dos serviços da gigante tecnológica.

Altman, contudo, não receberá participação acionária na companhia reestruturada e manterá seu salário anual de cerca de US$ 76 mil, segundo um porta-voz da empresa. A OpenAI também não planeja abrir capital no curto prazo.

A Microsoft continuará sendo uma peça central no futuro da startup, detendo 27% de participação na nova OpenAI Group PBC, avaliada em cerca de US$ 500 bilhões. A participação da empresa de Redmond é estimada em US$ 135 bilhões, o que representa um retorno de quase dez vezes sobre os US$ 13,8 bilhões investidos até hoje.

O novo modelo elimina o direito de preferência da Microsoft em futuros contratos de computação e garante que ela não tenha mais direitos sobre eventuais produtos de hardware desenvolvidos pela OpenAI. Ainda assim, o contrato de cooperação em nuvem permanece vigente até 2032, com a OpenAI comprometida a compartilhar cerca de 20% de sua receita com a parceira nos próximos anos.

A OpenAI Foundation, organização sem fins lucrativos que continua controlando a estrutura, terá poder de indicar e destituir membros do conselho da nova empresa e deterá 26% das ações, além de um mandato para adquirir mais participações conforme metas forem atingidas.

O presidente do conselho da fundação, Bret Taylor, afirmou que a reestruturação "simplifica a governança e garante um caminho mais direto para captar recursos essenciais antes da chegada da AGI", a chamada inteligência artificial geral, quando os sistemas se equiparam à capacidade cognitiva de um adulto humano.

Com cerca de 800 milhões de usuários semanais em outubro, o ChatGPT segue como a principal vitrine da revolução em IA. A OpenAI, porém, ainda enfrenta pressão por mais transparência, ética e segurança em suas operações.

Analistas do mercado apontam que o acordo oferece um novo equilíbrio: mantém a Microsoft próxima o suficiente para garantir estabilidade, mas concede à OpenAI a independência necessária para seguir inovando, e, ao mesmo tempo, se preparar para o momento em que a IA ultrapassar as fronteiras atuais da tecnologia.

As ações da Microsoft subiram 2,1% após o anúncio, elevando novamente o valor de mercado da companhia para acima de US$ 4 trilhões. 

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