Burger King não será mais vendido a grupo árabe; saiba detalhes
Assessor financeiro e acionistas da Zamp alertaram conselho sobre consequências da venda.
Na quarta-feira (17), o conselho de administração da Zamp - dona do Burger King no Brasil - se opôs publicamente, através de um comunicado, à oferta de compra feita pelo fundo árabe Mubadala Capital no início de agosto.
Logo após a oferta de aquisição, a Zamp contratou um assessor financeiro para fazer uma avaliação. O especialista concluiu que o preço por ação proposto não era condizente com o valor da empresa. Além disso, vários acionistas alertaram ao conselho, não somente sobre o preço dos papéis, mas sobre o estado de recuperação da empresa pós-covid.
O Mubadala Capital apresentou uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para a compra que consistia em 45,15% das ações por R$ 7,55 reais cada. O valor total proposto foi de R$ 938,6 milhões de reais. A análise feita pelo contratado da Zamp indicou que hoje, a faixa de valor das ações de emissão deveria oscilar entre R$ 9,96 e R$ 13,47 reais, com um ponto médio de R$ 11,72 reais - bem acima da oferta feita pelo fundo arábe.
De acordo com o conselho da Zamp, a empresa pode precisar de um "horizonte de tempo mais longo" para alcançar a faixa de valor diante do cenário político e econômico incerto no país.
O parecer ainda destacou que a aquisição poderia impactar a liquidez das ações de emissão da empresa e provocar um conflito de interesses entre o fundo e seus acionistas, considerando que atualmente a companhia não possui um acionista controlador.
A Zamp também destacou que, como acionista controlador, o Mubadala Capital poderia eleger a maioria dos membros do conselho, definir políticas administrativas e determinar o resultado de quaisquer deliberações de seus acionistas.
"O acionista controlador da Companhia poderá ter interesse em realizar aquisições, alienações de ativos, parcerias, busca de financiamentos, ou tomar outras decisões que podem ser conflitantes com os interesses dos demais acionistas e que podem não resultar em melhorias nos seus resultados operacionais, causando um efeito relevante adverso para a companhia", consta no documento lançado pela empresa.
O Mubadala afirmou no edital da proposta de compra que a Zamp "tem alto potencial de crescimento e geração de valor para seus acionistas" e que admira o desempenho da empresa, "especialmente frente às recentes condições econômicas e de mercado desafiadoras".
No dia em que a proposta de compra foi divulgada, as ações da Zamp dispararam 18,81%, e chegaram a R$ 7,39 reais - o maior valor alcançado desde o começo de abril.
E você, achou que a recusa de venda foi acertada?
Comentários: