O mercado de ações americano está derretendo, segundo Zhiwei Ren, diretor administrativo e gerente de portfólio da assessoria financeira Penn Mutual Asset Management, em entrevista ao site Market Watch. O executivo se mostrou preocupado com a velocidade de recuperação da bolsa ante à retração de setembro.

Todos os três principais benchmarks de ações dos EUA subiram para novos picos no início de novembro. Na sequência, alcançaram, cada um, seus recordes de fechamento desde outubro de 2017, segundo dados da Dow Jones Market Data. Já o índice S&P 500 teve apenas dois dias de baixa nos últimos 18 pregões (no final de outubro e início de novembro).

Segundo Ren, o Federal Reserve (Fed) - Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, equivalente ao nosso Banco Central, não está impedindo um mercado de ações cada vez mais rico, mantendo uma política monetária frouxa.

Mas o presidente do Fed, Jerome Powell, disse recentemente que o banco central pode ser "paciente, mas não hesitará", quando precisar aumentar as taxas de juros - caso a inflação já elevada se acelere.

Para Paul Nolte, gerente de portfólio da corretora americana Kingsview Investment Management, em nota divulgada em 1º de novembro, "A economia continua a crescer e as ações estão adorando a política monetária muito fácil".

O especialista afirmou que se tornou "explícito" o fato de que o Fed não pretende perturbar os mercados financeiros. "O banco central continua a colocar dinheiro no sistema em um momento de valorizações muito altas das ações", alertou em entrevista ao site Market Watch.

Nolte lembrou que o mercado de ações ficou muito à frente dos lucros corporativos e afirmou acreditar que uma política monetária mais rígida pode se tornar um catalisador para a redução dos preços das ações. "Você nunca teve uma política econômica tão fácil durante um boom econômico", disse ele.

Para o especialista, o Fed deve começar a aumentar as taxas a partir de agora, já que manteve sua taxa básica de juros perto de zero na recuperação econômica da pandemia.

Expectativas para 2022

Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research, fintech especializada em dados do mercado financeiro, afirmou ao Market Watch que, com o S&P 500 continuando sua caminhada para novas máximas quase todos os dias, ficou claro que os mercados esperam muitas surpresas positivas em 2022, mas que o ambiente é perigoso: "O que torna o ambiente atual traiçoeiro é que as ações estão reprecificando os fundamentos mais elevados não apenas em 2021, mas também em 2019 e 2020", alertou.

Segundo a fintech, as chances de o S&P 500 retornar mais de 15% por três anos consecutivos são baixas, de apenas 10%. "Desde 1928, isso aconteceu apenas quatro vezes", disse Colas. Entretanto, essas situações ocorreram em períodos de pós-guerra, inovação tecnológica e recuperação pós-crise.

E você? Acredita que o mercado americano continuará em alta? Ou acha que o Fed vai aumentar os juros e arrefecer os ânimos? Conte para a gente nos comentários!