Bolsa americana pode seguir sem grandes correções em 2022
Analistas são céticos quanto a uma desaceleração no mercado de ações.
"Os cães ladram, a caravana passa". A frase, atribuída a Ibrahim Sued no século passado, cabe bem para o sentimento dos analistas consultados pelo site CNBC a respeito do mercado de ações americano em 2022. Para eles, apesar dos riscos provenientes de eventuais novas variantes do coronavírus e altas nos juros para conter a inflação, as bolsas de valores do país devem continuar operando o ano todo sem grandes correções.
As ações americanas tiveram um começo de ano difícil, tendência que continuou na segunda semana, impulsionada pelo comunicado hawkish do Federal Reserve (Fed) a respeito da economia do país, com perspectiva de aumento dos juros para tentar frear a inflação que se instalou.
"A variante Omicron Covid pode ter levado a mais restrições, mas a recuperação econômica continua resiliente, o que significa que as ações não parecem particularmente vulneráveis a uma correção", afirmou ao site Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet Asset Management.
Para Paolini, a recuperação econômica global continua apoiada por um mercado de trabalho forte, demanda reprimida de serviços e balanços corporativos saudáveis. Como resultado, inclusive, a Pictet deve aumentar sua exposição ao mercado de ações em 2022.
Mas o executivo reconhece que, apesar das fortes expectativas de crescimento do PIB nos EUA e na Europa, o aumento da inflação representa um risco negativo para os investimentos. Segundo a reportagem da CNBC, o índice deve atingir o pico no primeiro semestre de 2022 e levar o Fed a aumentar as taxas de juros até junho.
James Solloway, estrategista-chefe de mercado da Unidade de Gestão de Investimentos da SEI, faz coro a Paolini, mas observa que o crescimento do PIB deve desacelerar, os mercados de trabalho podem sofrer aperto e a inflação atingir o pico. Para ele, a covid-19 deve continuar tendo efeito negativo a curto prazo, mas a economia global deve continuar seguindo - apesar dos contratempos periódicos.
Quanto às perspectivas para o ano, o analista vê menos chance para especulação e, em decorrência, correções: "Embora tenha havido bolsões de comportamento especulativo em algumas áreas do mundo financeiro – ações de memes, SPACs, criptomoedas e NFTs, por exemplo –, não vemos o tipo de fervor especulativo que apontaria para uma séria correção de ações em 2022", encerrou Solloway.
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