Paralisação do governo dos EUA pode começar nesta quarta-feira
A disputa entre republicanos e democratas sobre orçamento deve afetar serviços e milhares de servidores
Os Estados Unidos se aproximam de uma nova paralisação parcial do governo, prevista para começar à 1h da manhã desta quarta-feira no horário de Brasília (meia-noite de terça-feira em Washington), casos republicanos e democratas não chegam a um acordo sobre o orçamento.
Uma paralisação acontece quando o Congresso não aprova o prazo das leis que autorizam os gastos federais. Nesses casos, parte das agências públicas precisa suspender serviços considerados não essenciais, fechando escritórios, interrompendo pesquisas e removendo milhares de servidores. A última experiência desse tipo ocorreu entre 2018 e 2019, quando o governo ficou paralisado por 35 dias, provocando atrasos nos voos, prejuízos econômicos e falhas no atendimento à população.
O Senado, controlado pelos republicanos, deve votar novamente ainda nesta terça um projeto de financiamento temporário, mas não há expectativa de aprovação. Os democratas querem incluir no texto a extensão dos benefícios de saúde que expiram no fim do ano, enquanto os republicanos insistem que esse debate deve ocorrer em separado. O valor em disputa soma US$ 1,7 trilhão, destinado ao funcionamento das agências federais, cerca de um quarto do orçamento de US$ 7 trilhões. O restante dos programas de cobre de saúde, retirada e os juros da dívida, que já alcança US$ 37,5 trilhões.
As consequências de uma paralisação começam a preocupar setores estratégicos. As companhias aéreas alertaram que os voos podem sofrer atrasos, e o Departamento do Trabalho afirmou que não divulgará o relatório mensal de desemprego caso o impasse se mantenha. O documento é um dos principais indicadores econômicos do país.
O presidente Donald Trump, que conta com maioria republicana no Congresso, ainda precisa de pelo menos sete votos democratas no Senado para aprovar a medida. Em reunião na Casa Branca na segunda-feira (29), ele sinalizou abertura para discutir reduções de impostos que aliviam custos de saúde, mas ao mesmo tempo elevou a tensão ao ameaçar ampliar as demissões de servidores federais consideradas "não essenciais" caso não haja acordo.
Para os democratas, o debate é também político. Sem maioria em Washington, o partido tenta demonstrar resultados antes das eleições legislativas de meio de mandato de 2026 e aposta na pauta da saúde como bandeira eleitoral. O líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que a responsabilidade está nas mãos do presidente, enquanto o vice-presidente JD Vance considerou algumas propostas de oposição "razoáveis", mas criticou o uso da ameaça de paralisação como instrumento de pressão.
Entre os republicanos, há quem defende que, se o Congresso não cumprir o seu papel, o Executivo pode assumir a frente. Já para a oposição, a postura de Trump apenas dificulta a construção de um acordo. "Não se trata de política ou de quem é prejudicado. Trata-se dos danos causados a milhões de americanos", disse o senador democrata John Fetterman, da Pensilvânia.
Com informações da Reuters
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