Por Redação com Estadão Conteúdo em Quarta, 18 Outubro 2023
Categoria: Economia

Escalada do conflito no Oriente Médio pode trazer consequências ao Brasil?

Confira as últimas falas de personalidades relevantes da economia do país acerca do tema. 

O conflito entre Hamas e Israel, no Oriente Médio, está escalando. O ataque a um hospital na faixa de Gaza na terça-feira, 17, e os deslocamentos de mais de um milhão de civis escancararam o fato de que a situação pode não se resolver tão rápido. Nesse cenário, quais as implicações para a economia brasileira?

Confira as últimas falas de personalidades da economia brasileira acerca do tema.

Roberto Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 18, que há um risco de que a inflação de energia, principalmente ligada ao petróleo, continue alta por mais tempo. Campos Neto destacou que, mesmo antes do início do conflito Israel-Hamas, havia percepção de que um arranjo entre Arábia Saudita e Rússia poderia manter os preços do óleo mais altos.

"A gente bateu em preços nos quais historicamente imaginávamos que haveria um aumento da produção, e não teve", comentou o presidente do BC. "Mesmo antes já vinha esse questionamento, e tem todo o tema da transição verde, que acho que está um pouco por trás disso. E os estoques americanos estão no nível mais baixo em muito tempo", completou.

Segundo o presidente do BC, a grande preocupação em relação à guerra da Faixa de Gaza é com o eventual envolvimento do Irã no conflito.


​Jean Paul Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, avalia que, no momento, não há indícios de que a guerra entre Israel e o grupo Hamas interfira no preço dos combustíveis no Brasil. Contudo, se o conflito se alastrar, será a "tempestade perfeita" no mercado de petróleo e gás.

Prates reconheceu que o conflito já apresentou um impacto inicial no preço do petróleo, mas que houve uma estabilização após alguns dias. Segundo ele, a cotação do petróleo atualmente, em cerca de US$ 91 por barril (Brent), é alta, "mas não tem, necessariamente, a ver com esse conflito em si". "Já tinha uma inflação estrutural acontecendo."

E declarou, em uma análise no curto prazo: "Até que se alastre o conflito para um país produtor, falando de forma até um pouco insensível, claro que tem uma preocupação humanitária, com o problema da guerra, mas do ponto de vista do mercado de petróleo e gás, por enquanto, não há indício de que haverá alastramento disso para países como Irã, Egito, países produtores."

Prates afirmou que, das conversas que tem tido até o momento com representantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a intenção é procurar uma solução pacífica para a guerra e evitar um alastramento para o restante do Oriente Médio. "O preço do petróleo já está afetado, piorar mais a guerra é a tempestade perfeita", comentou.

O presidente da estatal disse ainda que há intenção de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar sobre o assunto. Contudo, em meio à recuperação do chefe do Executivo no Palácio da Alvorada após ter realizado duas cirurgias no último dia 29, a agenda de Lula está mais restrita.

As declarações foram dadas no período da manhã, após Prates se reunir com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e com o secretário-geral da Opep, Haitham al-Ghais, que visita o Brasil nesta semana. De acordo com o presidente da Petrobras, o encontro foi de cortesia.

Prates acrescentou que a organização está numa "missão" de renovação, trazendo uma visão mais comprometida com a transição energética. "O Brasil é importante, tem recursos naturais abundantes, está fazendo transição energética, é capaz de dar um exemplo como sempre e a gente tem estreitado as relações", declarou.

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