Bolsas dos EUA caem com pessimismo em relação à economia e pressão sobre o setor tech
Sinais de desaceleração no mercado de trabalho e balanços abaixo das expectativas ampliaram o movimento de venda em Nova York
Wall Street encerrou esta quinta-feira (6) em forte queda, atingindo o menor nível das últimas duas semanas. O movimento foi liderado por uma nova onda de vendas em ações de tecnologia, em meio à cautela dos investidores diante das incertezas sobre tarifas nos Estados Unidos e a saúde da economia americana.
Os principais índices registraram recuo expressivo: o Dow Jones caiu 1,04%, o S&P 500 perdeu 1,13% e o Nasdaq, mais sensível ao setor de tecnologia, despencou 1,81%.
Depois de uma breve trégua no dia anterior, as gigantes do setor voltaram a sofrer forte pressão. Microsoft e Nvidia caíram 1,8% e 3%, respectivamente, impactando o índice de tecnologia da informação, enquanto o índice de semicondutores recuou 2,4%.
A Qualcomm teve uma das maiores quedas do dia, com baixa de 4,9%, após alertar que pode perder parte dos negócios com a Samsung em 2026, apesar de divulgar uma previsão otimista para o próximo período.
Entre as maiores perdas, a DoorDash e a Tapestry decepcionaram o mercado com resultados trimestrais abaixo das expectativas. As ações despencaram 10,7% e 16,5%, respectivamente, pressionando o setor de consumo discricionário, que terminou o dia em queda de 2,7%. A Tesla também recuou 4,5%, enquanto os acionistas se preparam para votar sobre o pacote de remuneração bilionário do CEO Elon Musk.
"Há muita incerteza em torno das tarifas e da próxima decisão do Federal Reserve, além dos impactos da paralisação do governo. Depois de dois meses muito fortes, o mercado passa por uma correção natural", avaliou Dennis Dick, estrategista da Stock Trader Network.
A paralisação mais longa da história do governo americano continua influenciando o sentimento dos investidores. Sem dados oficiais recentes, o Federal Reserve tem se apoiado em informações privadas para avaliar a economia antes da reunião de política monetária de dezembro.
Novos relatórios mostraram sinais mistos. A consultoria Challenger, Gray & Christmas informou que as demissões anunciadas em outubro atingiram o nível mais alto para o mês em 22 anos. Já a Revelio Labs apontou perda líquida de empregos no mesmo período, e uma estimativa do Fed de Chicago indicou que a taxa de desemprego subiu ao maior nível em quatro anos.
Esses números contrastaram com o relatório da ADP, divulgado na quarta-feira, que mostrou criação robusta de vagas, aumentando a incerteza sobre a real situação do mercado de trabalho americano. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, reforçou uma postura cautelosa e afirmou que ainda é cedo para discutir novos cortes de juros.
Entre os balanços corporativos, a Datadog foi destaque positivo, disparando 22,2% após revisar para cima suas projeções de lucro e receita para o ano. Em contrapartida, a Robinhood caiu 8,9% depois de anunciar aumento nas despesas operacionais.
No setor farmacêutico, Eli Lilly e Novo Nordisk informaram que reduzirão significativamente os preços de medicamentos para perda de peso nos programas públicos americanos, o que levou as ações da Novo Nordisk a subirem 1,8%, enquanto as da Lilly permaneceram estáveis.
Outro movimento de destaque foi o da DraftKings, que avançou 8,9% após reportagem da Bloomberg revelar um acordo com a Disney para se tornar parceira de apostas esportivas da ESPN.
Na Bolsa de Nova York, o número de ações em queda superou o de alta numa proporção de 2 para 1. Na Nasdaq, a diferença foi ainda maior, de 2,77 para 1. O S&P 500 registrou 16 novas máximas e 20 novas mínimas de 52 semanas, enquanto o Nasdaq marcou 70 novas máximas e 190 novas mínimas.
Para traders que acompanham o mercado americano, o recuo reflete um cenário de correção natural após meses de valorização. O enfraquecimento das ações de tecnologia pode abrir espaço para oportunidades pontuais de reposicionamento, especialmente para quem observa de perto os reflexos da volatilidade de Nova York nos ativos globais.
Com informações de Reuters
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