Entenda o comportamento que pode resultar em perdas financeiras!
A ancoragem é uma maneira enviesada de enxergar investimentos na qual as decisões são inconscientemente influenciadas por alguma outra informação.
A definição foi dada por Jay Mooreland, fundador e presidente da Behavioral Finance Network, uma rede especializada em comportamento psicológico do investidor. A ancoragem pode resultar em perdas financeiras, por isso é importante saber identificá-la. Mooreland explicou como esse viés funciona e como podemos combatê-lo em uma entrevista recente ao site Market Watch.
Confira a seguir o que é e como escapar do viés de ancoragem — ou usá-lo de maneira inteligente.
Considere que um consultor diz a seu cliente que espera atingir uma taxa de retorno anual de 6,5% no longo prazo. "Essa declaração geralmente é o resultado de análises financeiras e pode ser totalmente precisa", disse Mooreland. "O problema é que os 6,5% se tornaram uma âncora indesejada. Agora, o cliente espera um retorno de 6,5%, independentemente do horizonte de tempo", explicou o coach financeiro.
Se o mercado cair 25% em um trimestre e o cliente estiver subconscientemente ancorado em um retorno positivo de 6,5%, ele terá uma surpresa indesejável. "Esse desempenho negativo não está em linha com o retorno esperado de 6,5% e pode sinalizar para o investidor que algo está errado e que ele precisa voltar para a segurança", explicou Mooreland.
Ele exemplificou que consultores podem usar a ancoragem para definir expectativas, afirmando que, com o tempo, espera-se que o cliente obtenha uma média de retorno anual de 6,5%, mas lembrou que eles também devem fornecer âncoras adicionais, para ajudar os investidores a superar o curto prazo.
"Esse consultor hipotético poderia afirmar, por exemplo, que tal carteira no curto prazo poderia oscilar entre, digamos, - 35% e + 55%. Dessa forma, ele forneceu as informações de longo prazo", disse Mooreland. "Isso não significa deixar as âncoras de curto prazo de fora, já que os investidores, mesmo os de longo prazo, são influenciados pelo desempenho de curto prazo", afirmou o coach.
"O problema com a ancoragem é que às vezes o ponto de referência no qual ancoramos é inadequado e às vezes não o ajustamos o suficiente", disse Sarah Newcomb, diretora de ciência comportamental da empresa de pesquisa Morningstar, na mesma reportagem. Ela citou um estudo que demonstrou que números aleatórios podem servir como âncoras em decisões subsequentes, enviesando as respostas de pessoas expostas a eles anteriormente em direção aos números aleatórios.
"O viés de ancoragem pode ser difícil de identificar, porque as pessoas geralmente tomam suas decisões com base em algum ponto de referência", lembrou Sarah. Então, para lidar com ele, a especialista indica definir seu próprio "preço" de antemão, com base em dados cuidadosamente escolhidos, antes de entrar em um ambiente de compra.
"Se você estivesse comprando jeans, poderia definir seu orçamento antes de sair com base no que você acha que é razoável e acessível, então é menos provável que se baseie nos preços apresentados a você na loja", exemplificou Sarah. E comparou: "No caso de investimentos, você gostaria de definir suas expectativas sobre taxas, preços e retornos com base em uma pesquisa cuidadosa antes de entrar no ambiente de vendas de uma empresa de consultoria ou site de corretagem".
Mas como lidar com nosso comportamento? "Identificar a ancoragem em nós mesmos é quase impossível", advertiu Mooreland. Ele indica ter um conselheiro ou amigo de confiança que entenda a psicologia de tomada de decisões.
Mas a melhor forma de gerir expectativas e mitigar comportamentos indesejados é estar bem informado. "Em geral, queremos uma resposta rápida e intuitiva sem análise. É por isso que muitas pessoas ficam presas a esses preconceitos e continuamente tomam decisões imprudentes", encerrou Mooreland.
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