Estudo indica que se mulheres investissem igual aos homens no Brasil teríamos mais de US$ 52 bilhões de dólares de ativos.
A empresa Coleman Parkes Research, a pedido da gestora de investimentos do banco BNY Mellon, BNY Mellon Investment Management, fez um levantamento que apontou o Brasil como o segundo país em que as mulheres se sentem mais confiantes na hora de investir, por mais que neste cenário ainda existam muitos desafios a serem enfrentados.
46% das brasileiras se sentem confiantes para investir, o que deixa o país apenas atrás da Índia, onde a porcentagem chega a 47%.
A pesquisa foi realizada com oito mil mulheres em 16 países, com metade das participantes já investidoras e a outra parte não. O nível de confiança das mulheres mudou em cada país pesquisado. Abaixo do Brasil ficaram os Estados Unidos (41%), a China (32%) e o Reino Unido (27%) empatado com a Austrália (27%).
Os países que tiveram os níveis mais baixos de confiança das mulheres na pesquisa foram, em ordem, o Japão (15%), a Suíça (18%) empatada com a Itália (18%) e a França (20%).
De acordo com o levantamento, o resultado da confiança das brasileiras está atrelado ao nível de compreensão que elas têm sobre investimentos. 53% das brasileiras ouvidas acham que tem uma boa compreensão de investimentos e 31% se sentem bem informadas ao investir.
Desafios
Mesmo com o resultado da pesquisa sendo positivo, há muitos desafios para enfrentar em relação a mulheres e investimentos. Segundo o estudo, as principais barreiras dessas mulheres são obstáculos de renda, percepção de que investir é arriscado e a falta de confiança.
A pesquisa apontou que se as mulheres investissem na mesma proporção que os homens, haveria mais de US$ 52 bilhões de dólares em ativos pertencentes a pessoas físicas hoje no Brasil. No cenário mundial haveria uma adição de US$ 3 trilhões de dólares.
A noção de que para investir é necessário uma boa quantia de dinheiro somada à baixa renda são fatores que desanimam as brasileiras a realizar investimentos. As mulheres no país acreditam que precisam de US$ 1.396 dólares de renda mensal antes de começarem a investir (o equivalente a aproximadamente R$7.438 reais). Já as mulheres do cenário mundial acreditam que precisam de US$ 4 mil dólares para investir (cerca de R$ 21.312), um valor que muitas não conseguem alcançar.
O pensamento de que investir é arriscado atrapalha: 34% das brasileiras acreditam ser arriscado e 45% das mulheres no cenário global também compartilham do mesmo pensamento. Apenas 8% das brasileiras afirmam ter tolerância ao risco de investir, enquanto as mulheres residentes em outros países, 9%.
Investindo para causar um impacto positivo
A pesquisa ainda relatou que as brasileiras estão mais propensas a investir em causas que elas compactuam do que os homens. Se as mulheres investissem da mesma forma que os homens teríamos um fluxo de US$ 30 bilhões de dólares a mais de capital em investimentos com impacto positivo.
Segundo o estudo, 44% das brasileiras começariam a investir ou investiriam mais se os efeitos de suas aplicações estivessem de acordo com seus valores pessoais, contra 55% das mulheres do mundo. 41% das brasileiras afirmaram que começariam a investir ou investiriam mais se o fundo de investimentos tivesse um propósito "do bem", ante 53% globais.
Homens dominam o mercado
A pesquisa também contou com cem gestores de ativos mundiais, representantes de empresas com US$ 60 trilhões de dólares em ativos.
Nove a cada dez gestores (86%) afirmam que seus clientes na maioria são homens e 73% acreditam que a indústria de investimentos poderia atrair mais mulheres se o mercado tivesse mais gestoras - mas apenas 10% ou menos são mulheres.
A gestora do banco que requisitou a pesquisa, Anne-Marie McConnon, ainda destacou: "Como mulheres, todas temos diferentes obstáculos a superar para atingir nossas metas financeiras individuais. Algumas delas são influenciadas por dados demográficos e circunstâncias pessoais, mas algumas são resultado de como o setor de investimentos tradicionalmente se envolve com as mulheres".