Colapso envolve emissão de R$ 50 bi em CDBs, ativos sem lastro e aportes suspeitos do BRB que agora são alvo de investigação federal
O Banco Master entrou em colapso nesta terça-feira (18). Horas depois de anunciar a venda para a Fictor Holding Financeira, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, e a Polícia Federal prendeu o controlador Daniel Vorcaro no aeroporto de Guarulhos.
A crise começou após anos de crescimento baseado em CDBs com juros acima da média, atraindo investidores por causa da garantia do FGC. Internamente, porém, o banco acumulava um passivo bilionário apoiado em ativos de baixa liquidez, como precatórios e participações em empresas fragilizadas.
A tentativa de venda já havia fracassado antes: o BRB anunciou a compra, mas o BC vetou a operação em setembro. Na segunda (17), a Fictor Holding comunicou a aquisição e um aporte de R$ 3 bilhões, mas o negócio durou poucas horas até ser interrompido pela liquidação.
Durante a operação da PF, Vorcaro foi preso ao tentar embarcar para Dubai; investigadores dizem que o destino era Malta, enquanto a defesa afirma que ele iria a Dubai para reuniões. Na casa do ex-CEO Augusto Ferreira Lima, foram encontrados R$ 1,6 milhão em espécie. Outros executivos também foram detidos.
Com a liquidação, todas as operações do Master foram encerradas e um liquidante assumirá a venda de ativos para pagamento dos credores. O FGC cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ em conta, poupança, CDB, RDB, LCI e LCA. O pedido deve ser feito no app (pessoas físicas) ou no site (pessoas jurídicas), com pagamentos normalmente liberados em até 48 horas úteis depois da solicitação.
A investigação atingiu também o BRB, acusado pelo Ministério Público Federal de ter feito operações irregulares enquanto tentava comprar o Master. Entre 2024 e 2025, o BRB aportou R$ 16,7 bilhões no banco, dos quais R$ 12,2 bilhões estão ligados à compra de créditos da empresa Tirreno, que, segundo a PF, não tinha comprovação de existência.
A PF aponta que o Master emitiu R$ 50 bilhões em CDBs sem garantir liquidez futura e usou parte dos recursos para adquirir ativos inexistentes. As transações envolveriam ainda fundos de pensão e instituições influenciadas por políticos. Para investigadores, o anúncio da venda para a Fictor funcionou como uma "cortina de fumaça" diante do avanço das apurações.