A bolsa de valores brasileira quer fortalecer tanto o core business quanto seus negócios adjacentes.
"A gente inicia 2023 com a visão de que estamos em um novo patamar no mercado de capitais no Brasil", afirmou o CEO da B3, Gilson Finkelsztain.
A estratégia para o core business prevê maximizar os negócios em listados e de balcão, com foco na inovação, agilidade, modularização e modernização de plataformas.
No pilar de negócios adjacentes, o foco será expandir a presença para novas atividades do ecossistema, explorando as oportunidades dentro dos segmentos de dados, serviços de tecnologia e plataformas.
Uma das novidades nesta área é a aquisição da Neurotech, empresa especializada na criação de sistemas e soluções de inteligência artificial, machine learning e big data. A compra foi aprovada neste mês, em assembleia de acionistas, e aguarda validação pelos órgãos reguladores.
Mercado de listados e balcão
Durante o B3 Day, os executivos da B3 falaram sobre estratégias dos mercados de listados e balcão, antecipando algumas tendências para os próximos anos.
No mercado de listados, o destaque foi para o cenário desafiador enfrentado pelas bolsas no mundo todo em 2022, apontando para um novo patamar de turnover. Apesar da queda no volume de negociações diárias (ADTV) por pessoas físicas, a B3 terminou o ano com desempenho superior ao de outros grandes mercados, como Coreia, Hong Kong e Xangai.
O CEO da B3 destacou o grande potencial do mercado brasileiro de ações e derivativos para os próximos anos. "Tivemos um salto no ADTV de R$ 17 bilhões em 2019 para R$ 30 bilhões em 2022. Temos oportunidades de crescimento, e a indústria tem se sofisticado cada vez mais", acrescentou.
Para 2023, estão previstas diversas iniciativas no pipeline, incluindo ampliação de produtos internacionais, ambiente experimental para PMEs, BDRs de empresas brasileiras em índices, futuro de cripto, extensão do fractional shares (permitindo ao cliente escolher o volume financeiro que pretende investir, em vez do número de ações) e horário de funcionamento.
"Temos uma oportunidade de expandir a atuação. Não necessariamente deveremos ir para 24 por 7 [funcionamento total em todos os dias da semana]. Mas entendemos que existem demandas pelo aumento de horário de alguns produtos", afirmou o CEO.
Segundo Finkelsztain, o mercado de balcão, no qual a B3 tem mais de 97% de market share, também vem mostrando evolução consistente. O volume negociado em renda fixa chegou a R$ 8,3 trilhões de reais em 2022, superando o total do ano anterior. No Tesouro Direto, o resultado no acumulado deste ano já é de R$ 87,5 bilhões de reais.
Outro destaque é o mercado de CPRs, que atingiu um recorde de R$ 160 bilhões de reais negociados neste ano. O resultado representa um crescimento de 110% em relação ao ano passado.
Internalização de ordens
Outro tema de destaque abordado durante o evento foi a internalização de ordens, quando valores mobiliários são negociados sem passar pela bolsa.
Durante o encontro com os investidores, Gilson Finkelzstain afirmou não ser contrário ao modelo, mas que possa ser utilizado com limites.
"A B3 é contra a permissão irrestrita para a internalização de ordens de operação no mercado. Por isso, no próximo ano, vamos, junto à CVM, ampliar a discussão sobre o tema, organizando uma série de debates", afirmou. "Precisamos entender quais os impactos da concentração da distribuição e das tarifas e custos totais de transição", disse.
Iniciativas além do core business
Na estratégia de negócios adjacentes, o investimento em soluções de dados se consolida como uma das principais iniciativas de crescimento da B3 para o futuro.
De acordo com Finkelsztain, a Neoway (empresa de big data adquirida em 2021 pela B3) e a Neurotech possuem características complementares e devem se tornar um impulsionador do crescimento da companhia.
A B3 também planeja consolidar a frente de Digital Assets, atuando em duas frentes principais:
Cripto as a service (voltada para o mercado de B2B2C) - atuando como "hub" de criptoativos, provendo infraestrutura para instituições financeiras que queriam oferecer esses ativos a seus clientes finais, com excelência operacional;
Infraestrutura institucional para ativos digitais (B2B) - sendo um "marketplace" de tokens e cobrindo toda a cadeia de valor, desde a criação do token até sua custódia.
Também foi apresentado o plano de oferecer serviços de tecnologia e plataformas em áreas correlatas ao negócio principal da B3.
Cultura e ESG
No evento para investidores, a diretora-executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3, Ana Buchaim, destacou o duplo papel da B3 no âmbito da temática ESG (sigla inglesa traduzida para português como ASG - Ambiental, Social e Governança).
Essa atuação é feita de um lado, como empresa listada que tem o compromisso com as melhores práticas ASG, e de outro, como indutora do mercado, incentivando outras empresas para que também adotem boas iniciativas.
Para 2023, as iniciativas previstas incluem o lançamento de um Índice de Diversidade da B3 e o desenvolvimento de ações relacionadas ao mercado de carbono.
Guidances para 2023
Os investimentos previstos no core business da B3 para 2023 devem ficar entre R$ 180 e R$ 230 milhões de reais. Para as novas iniciativas, o valor deve ser entre R$ 20 e R$ 60 milhões de reais.
Guidances para 2023
Os investimentos previstos no core business da B3 para 2023 devem ficar entre R$ 180 e R$ 230 milhões de reais. Para as novas iniciativas, o valor deve ser entre R$ 20 e R$ 60 milhões de reais.
De acordo com os guidances publicados, a distribuição de Lucro Líquido prevista para 2023 deve se manter no mesmo patamar de 2022, na faixa entre 110% e 140%.