Polaris 7 deve ser capaz de gerar energia suficiente para abastecer 40 mil casas.
O investidor Sam Altman fez o maior aporte da sua vida no final de 2021: capitaneou um investimento de US$ 500 milhões de dólares na startup americana Helion, que promete criar até 2024 um gerador de energia via fusão nuclear do tamanho de um contêiner, o Polaris 7. Sozinho, Altman desembolsou US$ 375 milhões e passou de presidente do conselho a CEO da empresa. Se der certo, o gerador será capaz de fornecer 50 megawatts, o que poderia alimentar 40 mil casas a um centavo por quilowatt-hora.
A fusão nuclear pode ser o futuro da tecnologia climática. Ela poderia fornecer energia limpa, barata e quase ilimitada, sem gerar lixo radioativo de longa duração. Poderia, porque as experiências com a produção desse tipo de energia, até o momento, não foram capazes de gerar mais energia do que gastam durante sua produção.
Altman é conhecido no Vale do Silício: foi presidente da aceleradora Y Combinator de 2014 a 2019 e agora é o CEO da Open AI, uma organização que pesquisa inteligência artificial da qual Elon Musk participou, mas deixou devido a conflitos de interesse com a Tesla, sua empresa de veículos elétricos.
Defensor da renda básica universal para manter a renda de pessoas cujos empregos se tornam obsoletos com o desenvolvimento da tecnologia, Altman já declarou em diversas oportunidades que inteligência artificial e energia estavam no topo de seus interesses em termos de investimentos.
O investidor escolheu a Helion entre quatro empresas voltadas para a fusão nuclear em 2015, quando investiu US$ 9,5 milhões de dólares na startup. De lá para cá, sua certeza de que eles tinham o melhor projeto só cresceu, o que o fez decidir pelo aporte deste ano.
O projeto da Helion para criar energia de fusão
A fusão nuclear é o contrário da fissão nuclear, utilizada nas grandes usinas nucleares que conhecemos: a fissão divide um átomo maior em dois átomos menores, liberando energia, enquanto a fusão une dois núcleos mais leves para formar um átomo mais pesado. É o processo que o sol realiza para gerar energia.
A Helion usa fusão magnética pulsada, com ímãs de alumínio que comprimem seu combustível para depois expandi-lo e obter eletricidade. A tecnologia precisa de temperaturas extremamente altas para criar e manter plasma, o estado da matéria em que os elétrons são separados dos núcleos - onde a fusão pode ocorrer.
Para Altman, a fusão será um meio de alcançar abundância por meio da inovação tecnológica - visão diferente da de muitos investidores e especialistas em climatologia. "Acho que é nossa melhor chance de sair da crise climática", disse Altman em entrevista ao site CNBC.
O grupo de investidores da Helion inclui o fundador do LinkedIn Reid Hoffman e o cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz, além do Capricorn Investment Group e da Mithril Capital.
Caso a Helion cumpra metas determinadas dentro do prazo, durante a produção do gerador, a startup ainda receberá mais US$ 1,7 milhões de dólares do grupo até 2024.