Especialista explica o que está por trás dessa estratégia adotada pelas empresas.
Se você foi ao mercado recentemente, certamente notou que o tamanho das embalagens dos produtos vem diminuindo, mas os preços continuam os mesmos. Isso se chama reduflação. Esse fenômeno também é considerado uma espécie de inflação, já que o consumidor paga o mesmo valor por uma menor quantidade de produto.
Os consumidores mais atentos também têm percebido uma diferença na qualidade dos produtos à venda, como manteiga misturada com margarina e leite, ao invés de puro, misturado a outros ingredientes e vendido como "composto lácteo". A lista é grande.
De acordo com o site Uol, que fez uma visita a diversos supermercados no interior de São Paulo, o sabão em pó, que antes pesava 1 kg, passou a pesar apenas 800 g. As embalagens de molho de tomate também sofreram alterações em seu peso, de 150 para 120 gramas.
Nas redes sociais, diversos usuários reclamaram da forma com que os produtos estão sendo vendidos. Um exemplo é o "leite condensado" chamado Moça Pra Toda Família, que na verdade é composto por uma mistura láctea condensada de leite, soro de leite e amido. Já o Leite Moça original é feito apenas de leite condensado integral.
Após causar polêmica nas redes sociais pela venda do "leite condensado" que não é leite condensado, a Nestlé se manifestou afirmando que os produtos com seus compostos tradicionais irão continuar sendo produzidos e que o novo produto "possui os mesmos ingredientes do leite condensado tradicional, porém, em quantidades diferentes e com adição de soro de leite e amido".
Segundo a empresa, o derivado torna-se uma opção para os consumidores que buscam "soluções com menor desembolso, sem abrir mão do resultado".
A Nestlé ainda explicou, na nota lançada, que "a adoção de novos formatos tem o objetivo de acompanhar as tendências de mercado, garantir a adequação a inovações tecnológicas ou também padronizar a gramatura dos produtos das marcas, de forma a manter sua competitividade".
Reduflação
O economista e membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Carlos Caixeta, explicou ao Uol como funciona a reduflação: "Para evitar aumentar os preços, a empresa fabricante mantém o preço, mas reduz a quantidade do produto vendido, o que na prática é um aumento no valor pago pelo consumidor. Mudar a composição do produto significa escolher matérias-primas mais baratas, o que reduz os custos de produção e a necessidade de reajuste de preços".
"As empresas procuram evitar aumento de preços porque os produtos ficam menos competitivos, reduzindo as vendas e comprometendo sua saúde financeira", continuou Caixeta.
Quanto à legalidade da prática, não há impedimento, porém existem algumas ressalvas: as alterações devem ser comunicadas ao consumidor, conforme a determinação do Ministério da Justiça e do Código de Defesa do Consumidor.
"O fabricante tem que informar de forma clara e específica a alteração do tamanho e do que o produto é feito. Exemplo: se o suco de uva tem maçã na composição, isso deve ser colocado de forma explícita na embalagem. Se houve redução da quantidade, deve-se colocar quanto era antes, para quanto foi e a porcentagem de redução, em letra legível na embalagem", explicou o coordenador da área Cível, Relações de Trabalho e Consumo na Andrade Silva Advogados, Aldemir Pereira Nogueira, na mesma reportagem.
Os consumidores podem recorrer ao órgão de defesa caso tenham notado que uma empresa não está fornecendo as informações corretas na embalagem do produto após a redução.
Caso o consumidor note a falta ou erro de informação na embalagem do produto, pode recorrer ao órgão de defesa responsável. Se provada a culpabilidade da empresa, ela pode ser multada.
E você, já conhecia o fenômeno da reduflação? Comente com a gente os produtos que já viu diminuir!