Confira a análise do Goldman Sachs sobre as últimas altas na B3.
O grupo financeiro multinacional Goldman Sachs afirmou ver com ceticismo a possibilidade de bull market (termo utilizado para dizer que o mercado está em um momento bom e otimista) no mercado de renda variável do Brasil, mesmo após este ano ter se iniciado com uma valorização de 37% das ações brasileiras em dólares.
No relatório "Brasil: o que separa um rali de um bull market?", Caesar Maasry, chefe da área de mercados emergentes e investimentos globais do Goldman Sachs e Jolene Zhong, analista do banco, afirmaram que as ações brasileiras registraram cinco bull markets com um retorno médio de 121% e nove ralis táticos com o retorno de aproximadamente 40% desde 2006.
"Olhando para a história - e isso coincide com outros emergentes, como a África do Sul e Chile, os 'bull markets' são caracterizados por três tendências importantes: taxas de crescimento acelerando; taxas de juros em queda; e mercados globais favoráveis", explicaram os especialistas do banco.
O Goldman Sachs afirmou não haver justificativa para um otimismo maior em relação às ações do país: "prevemos um crescimento fraco do PIB real em 2022, de apenas 0,6%, com um aumento modesto para 1,4% em 2023, e suspeitamos que a inflação permaneça acima de 6% até o primeiro trimestre de 2023; embora um ciclo mais maduro de alta de juros signifique que o mercado provavelmente passará a precificar cortes, à medida que os sinais de inflação diminuem".
Além disso, o grupo afirmou que os mercados de commodities podem fornecer suporte para parcelas das ações brasileiras, mas que apenas fatores externos não deverão ser suficientes para impulsionar o Ibovespa de forma significativa.
Quanto ao expressivo fluxo de capital estrangeiro que tem sido direcionado para o mercado local, segundo a análise "o 'ciclo de ingressos' já está concluído em dois terços. Outros US$ 13 bilhões de capital estrangeiro podem levar o Ibovespa para a faixa dos 131 mil pontos em um período de seis meses, embora suspeitemos que o desfecho provável seja nossa meta de 118 mil pontos em 12 meses, impulsionada por fundamentos".
Os especialistas observaram ainda que o mercado brasileiro é um dos mais voláteis. Em seus cálculos, em todos os anos desde 2000, o mercado teve uma correção mínima de 17% do MSCI Brasil, mesmo em anos com grandes retornos líquidos. Já a correção média das ações brasileiras, em dólares, calculada pelo banco, é de 32%.
Maasry e Zhong ainda fizeram uma recomendação aos investidores em entrevista para o Valor Econômico: "um investidor em ações deve esperar experimentar uma queda significativa sempre que considerar manter ações brasileiras por um período de um ano ou mais".
E você, está ou não otimista quanto às ações brasileiras? Por que? Conte para a gente!
*Com informações do jornal Valor Econômico.