Queda na publicidade coincide com a do faturamento das plataformas de moedas digitais.
Recentemente, propagandas estreladas por celebridades como Matt Damon, Tom Brady e LeBron James promovendo criptomoedas foram tiradas do ar nas televisões norte-americanas.
O desaparecimento das propagandas coincidiu com o "sell off" (grande volume de vendas) de bitcoin e de outros criptoativos, de acordo com a empresa de medição de propaganda de TV ISpot.tv Inc.
O comercial que contava com a participação do ator Matt Damon para a Crypto.com (empresa de troca de criptomoedas) foi ao ar pela última vez em fevereiro, durante o Super Bowl. Segundo o ISpot, a campanha, que durou quatro meses, custou aproximadamente US$ 65 milhões de dólares - superando os gastos de outros grandes serviços de investimento no mesmo período.
A queda nos preços de criptomoedas e alegações de fraude entre empresas no mercado de criptoativos deve atrapalhar o mercado publicitário, observou Eric Haggstrom, diretor de inteligência de negócios da Advertiser Perceptions, em uma entrevista para o Valor Econômico.
"Cripto tem sido um segmento de crescimento e queda desde o seu início, e os orçamentos de publicidade seguirão a mesma trajetória", completou.
Em julho, as principais empresas de criptomoedas e plataformas de negociação, como Crypto.com, FTX e CoinBase Global, reduziram seus gastos em US$ 36 mil dólares nos Estados Unidos (EUA).
O mês de julho foi caracterizado pelo menor total mensal desde janeiro de 2021, com o recuo de uma alta de US$ 84,5 milhões de dólares em fevereiro - período do SuperBowl.
Até mesmo a Coinbase - única exchange de criptomoedas com ações na bolsa de valores norte-americana - informou aos seus acionistas, através de uma carta, a redução de gastos com a mídia paga. A decisão foi tomada logo após a empresa registrar uma perda de 64% de sua receita no segundo trimestre deste ano.
No início, as empresas de criptomoedas promoveram seus serviços como muitas outras companhias, além de investir pesadamente no marketing para tornar suas marcas conhecidas.
Segundo o fundador e CEO da Simulmedia, Dave Morgan, essa indústria se concentrou nas promoções durante os esportes ao vivo, como o NFL e NBA - liga de futebol americano e de basquete, respectivamente - que costumam atrair um público grande.
"Essa não é a maneira barata de entrar", disse Morgan ao Valor Econômico. "Mas é uma maneira de causar impacto e deixar todo mundo saber que você está lá".
Mas nos últimos seis meses as criptomoedas vêm sofrendo quedas bruscas. A perda de quase metade do valor do bitcoin - moeda mais negociada e conhecida do mundo - desde março, ampliou as incertezas acerca do mercado, cujo valor total caiu abaixo de US$ 1 trilhão de dólares em junho.
Segundo Bill Daddi, presidente da agência de marketing Daddi Brand Communications, se as empresas de criptomoedas voltarem a investir em anúncios na TV na próxima estação, a mensagem pode mudar. Até agora, a publicidade focou no medo de perder e aproveitar oportunidades, mas as empresas podem mudar de estratégia a fim de reconstruir a confiança dos investidores, após o período turbulento.
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