Mercados globais reagem com cautela às decisões de bancos centrais; bolsas europeias devem fechar a semana sem direção definida e investidores aguardam conversa entre Trump e Xi Jinping
Os mercados acionários globais apresentaram pouca oscilação nesta sexta-feira, com investidores digerindo as recentes decisões de política monetária dos principais bancos centrais.
Na Europa, os índices de ações caminham para encerrar a semana praticamente estáveis, após uma sequência de sessões voláteis. O índice pan-europeu STOXX 600 permanece sem variação no dia, mantendo-se no mesmo nível da semana. Em Londres, o FTSE 100 registra leve alta de 0,1%.
Nos Estados Unidos, os contratos futuros de ações apontam para abertura estável em Wall Street: os futuros do Nasdaq avançam 0,1%, enquanto os do S&P 500 permanecem inalterados. Na véspera, os índices americanos fecharam em máximas históricas, impulsionados pelo corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros promovido pelo Federal Reserve (Fed) na quarta-feira – o primeiro desde dezembro.
O movimento do Fed foi acompanhado por cortes de juros também no Canadá e na Noruega, fortalecendo a expectativa de que a política monetária global siga estimulativa. Apesar disso, o banco central americano sinalizou que continuará adotando postura dependente de dados, avaliando a necessidade de novos ajustes reunião a reunião, o que frustrou parte do mercado que esperava uma trajetória mais clara de afrouxamento.
"O nosso cenário para as próximas semanas segue positivo para ações, ainda que com alguma volatilidade", afirma Amelie Derambure, gestora sênior de portfólio multiativos da Amundi, destacando que a instituição mantém sobreposição em renda variável em suas carteiras.
Na Ásia, o índice Nikkei recuou das máximas recordes após o Banco do Japão indicar possível redução adicional nos estímulos monetários.
No câmbio, o dólar americano subiu 0,3%, cotado a 97,595 no índice que mede seu desempenho frente a uma cesta de moedas, após ter atingido na semana mínima desde 2022. O iene chegou a se valorizar, mas devolveu ganhos e era negociado a 147,99 por dólar. A libra esterlina recuou 0,5%, para US$ 1,359, pressionada por dados de aumento no endividamento do setor público britânico.
Os rendimentos dos títulos soberanos também refletiram o movimento. Nos EUA, o Treasury de 10 anos estava em 4,1332%. Na Europa, os yields de longo prazo subiram, com o título de 10 anos da Alemanha atingindo 2,7414%, em meio a preocupações sobre as contas públicas. Já os papéis de vencimento mais curto seguem beneficiados pelas apostas de novos cortes de juros.
O Banco de Compensações Internacionais (BIS) alertou nesta semana que as cotações recordes das bolsas globais parecem cada vez mais desconectadas dos sinais vindos do mercado de renda fixa, que indicam crescente preocupação com os níveis de endividamento governamental.
No mercado de commodities, o petróleo recua, com operadores avaliando que os riscos de desaceleração da demanda por combustíveis superam o efeito positivo que o corte de juros nos EUA costuma exercer sobre os preços da energia.
Investidores ainda aguardam novidades sobre uma ligação entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, que deve tratar de tarifas comerciais e do futuro do aplicativo TikTok.
Com informações de Reuters