Juros da economia norte-americana vão ficar no intervalo entre 1,50% e 1,75%.
O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, anunciou o resultado de sua superquarta: decidiu elevar as taxas de juros de referência da economia estadunidense em três quartos de ponto percentual (0,75 p.p.) - a alta mais agressiva desde 1994.
Com a elevação, o nível da taxa referencial de juros da economia norte-americana muda para uma faixa de 1,5% a 1,75% - a mais alta desde pouco antes do início da pandemia de covid-19, em março de 2020.
O país vem de uma alta na inflação de 8,6% ao ano, o valor mais alto em quatro décadas. Agora, a expectativa é de que a taxa de juros termine o ano em 3,4%, 1,5 p.p. acima da estimativa de março, segundo a média da faixa-alvo dos membros individuais do conselho.
As autoridades do Fed também reduziram significativamente suas perspectivas de crescimento econômico para 2022, antecipando um PIB de 1,7%, bem abaixo da projeção de 2,8% feita em março.
Mais aumentos nos juros americanos pela frente?
Tudo indica que sim. Os membros do Fed apontaram um caminho muito mais forte de aumentos de taxas adiante, para impedir a inflação de subir ainda mais. O comitê vê a taxa subindo para 3,8% em 2023, nível que seria o mais alto desde o final de 2007.
As altas vêm em um momento em que a projeção de inflação medida pelos gastos com consumo pessoal subiu de 4,3% para 5,2%, embora o núcleo da inflação, que exclui os custos de alimentos e energia, tenha subido menos: 0,2 p.p.
Futuro da economia norte-americana
As projeções do Fed antecipam um afrouxamento das pressões sobre os preços nos próximos meses, pintando um quadro bastante otimista da economia, mesmo com inflação mais alta.
O comunicado do comitê afirmou que a atividade econômica geral "parece ter se recuperado depois de cair no primeiro trimestre". Ainda segundo o documento, os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa.
Para o Fed, a inflação permanece elevada como reflexo dos "desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços".
Atualmente, o crescimento econômico americano está diminuindo - e já é refletido no índice S&P 500, que reúne as 500 principais empresas americanas e está oficialmente em bear market -, enquanto os preços seguem subindo - é o que define uma estagflação.
Já as projeções do comitê divulgadas na quarta-feira mostram a taxa de desemprego, atualmente em 3,6%, subindo para 4,1% em 2024.
Ainda comprometido com meta de inflação de 2%?
A declaração pós-reunião desta quarta-feira (15) veio com uma frase usada há muito tempo pelo Fed removida: a de que o comitê espera que a inflação retorne ao seu objetivo de 2%. O texto foi substituído por um genérico "o Fed está fortemente comprometido com o objetivo".
Todas as dificuldades no caminho podem dificultar a execução do discurso recente de Jerome Powell, presidente do Fed, de realizar um "pouso suave" após a crise. O mercado segue preocupado com o risco de recessão.
Aqui no Brasil, o temor de especialistas é o de que haja fuga de capital para os Estados Unidos, com a alta de juros norte-americana tornando os investimentos mais atrativos por lá.
E você, o que achou do resultado da reunião de junho?