Falta de investimento na OPEP nos últimos dois anos impede o aumento da produção de petróleo.
A pandemia da covid-19 teve impacto sobre diversos setores, aumentando o preço de alguns produtos e diminuindo o de outros. No caso do petróleo, a crise sanitária primeiramente derrubou o preço da commodity, mas, como os preços de diversas matérias-primas, o óleo subiu à medida em que a sociedade retomou a vida em uma espécie de "novo normal".
Segundo a análise feita pelo blog Terraco Econômico, o petróleo começou 2021 custando US$ 50 dólares por barril e finalizou o período cotado a US$ 70 dólares. Esse aumento, que já era significativo, avançou para uma alta impressionante que ultrapassou 15% em janeiro - a maior alta mensal em um ano.
Analistas compartilham suas preocupações em torno do petróleo, com a possibilidade da commodity chegar na casa dos três dígitos.
Fatores que impulsionam a alta do petróleo hoje
A capacidade produtiva dos membros da OPEP (que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo) e as tensões no Oriente Médio são fatores que influenciam no preço elevado do petróleo atualmente, de acordo com o relatório.
A OPEP quer estabilizar os preços com oferta elevada ao aumentar sua produção, mas isso pode não bastar se houver mais aumento da demanda. A entidade definiu a produção de 400 mil barris por dia ao mês, alinhada com a capacidade de produção de seus membros, levando em conta a redução de investimentos produtivos nos últimos dois anos devido à pandemia.
Segundo o Terraco Econômico, os investimentos na OPEP possuem uma certa maturação e exigem tempo para se transformarem de fato em aumento de produção. Logo, quando acontece uma combinação entre a redução de investimentos produtivos e o aumento na demanda é inevitável que os preços também se elevem.
Segundo os membros da OPEP, não está descartada a possibilidade do petróleo ultrapassar três dígitos e ficar acima de US$ 100 dólares, como ocorreu em 2014. Atualmente o barril é negociado próximo a US$ 90 dólares.
Conflitos como o que está ocorrendo atualmente na Ucrânia também impactam no preço futuro da commodity, já que a situação pode diminuir a produção, que já está apertada.
Entenda o que ocorreu com o petróleo na década de 1970
Em 1970, os Estados Unidos tinham muitos desafios a serem enfrentados. Um deles foi causado pelo apoio a Israel na Guerra do Yom Kippur, que fez a OPEP anunciar redução na produção de petróleo para aumentar os preços, como forma de punição aos EUA.
De acordo com o relatório, em 1970 os preços dos barris eram em média de US$ 2,96 dólares, em 1973, o último ano com preços regulados, o barril custava US$ 4,08 dólares. Em 1974 os preços subiram para US$ 12,52 dólares e, em 1979, a média era maior do que US$ 20 dólares. No início da década de 80, o barril superou US$ 30 dólares e, em 1981, a média de preço chegou a quase US$ 40 dólares, multiplicando os valores por mais de dez vezes em apenas uma década.
Qual o futuro do petróleo?
Segundo a análise, o que impacta o todo é a oferta e a demanda - elas que vão definir qual será a formação de preços. Quanto à oferta, diversos países estão se esforçando para aumentar suas produções de petróleo com o objetivo de estabilizar os preços, mas existem problemas no gap de investimentos nos últimos dois anos que dificultam a meta. A oferta está aumentando, mas não no nível necessário.
Além disso, no lado da oferta, qualquer tensão que possa limitar a produção de petróleo é prejudicial no momento, já que nem o aumento da produção está sendo suficiente para estabilizar os preços.
O cenário da demanda é mais incerto, com alguns bancos centrais colocando incentivos que aceleram a recuperação, mas por outro lado, há a inflação alta, batendo recordes em diversos países.
A diminuição dessa enorme liquidez pode gerar diferentes cenários e o grande questionamento é se a economia mundial será capaz de se manter ou se haverá uma quebra de ritmo.
Se a economia mundial conseguir se manter, a análise prevê dois ou três anos de pressão sobre os preços até que a produção de petróleo estabilize a demanda. Se houver uma quebra de ritmo, os preços tendem a se estabilizar de forma mais rápida, com o aumento de produção eventualmente alcançando a demanda.
A comparação com a década de 1970 traz um fator que estamos revivendo atualmente: a economia dos Estados Unidos questionando a capacidade do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) de controlar a inflação.
De acordo com a análise, mesmo que essa seja uma fase perigosa, as coisas podem ser diferentes e não devem sair do controle como ocorreu a partir de 1970, quando os preços do petróleo se multiplicaram.
Ainda tem alguma dúvida sobre a alta do petróleo? Conte para a gente nos comentários!