Economistas avaliam os planos dos candidatos à presidência e recomendam investimentos no caso da vitória de Lula ou de Bolsonaro.
O período eleitoral é sempre carregado de incertezas e, neste ano, não seria diferente. Considerando o cenário atual, os brasileiros temem pela economia e pela persistência da alta inflação - que devem ser diretamente impactados com o resultado das eleições presidenciais.
Os analistas do mercado financeiro têm assegurado que, independentemente do candidato eleito, a previsão é de alta para a bolsa de valores em 2023 - deixando os investidores em renda variável otimistas, apesar das circunstâncias.
Com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) liderando as pesquisas eleitorais para ocupar o cargo de Presidente da República, os economistas se sentem mais seguros nas previsões para o ano que vem, tendo em vista que o candidato do PT exerceu a função por oito anos e o do PL, pelos últimos quatro.
Mas, apesar das promessas de um futuro promissor, os planos presidenciais de ambos líderes divergem em vários sentidos e consequentemente também trarão resultados diferentes. Por isso, reunimos as opiniões de grandes players sobre o futuro do mercado caso cada candidato vença.
Plano fiscal
O plano fiscal de Lula consiste em acabar com o teto de gastos - que limita as despesas da União ao crescimento da inflação no ano anterior. Já o do atual presidente promete reformular a medida junto ao economista e ministro Paulo Guedes.
Segundo Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, em entrevista ao portal Ig, sem o teto de gastos, o governo não terá controle fiscal - o que resultará em uma precificação. "Se tiver responsabilidade fiscal, a Bolsa chega a 140 mil pontos", afirmou o economista.
Já o ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles - criador do teto de gastos - não vê grandes mudanças nas políticas monetária e fiscal com o fim da medida.
O plano fiscal é essencial para a definir a taxa básica de juros (Selic), e, de acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, ouvido pelo mesmo portal, "se houver uma regra fiscal mais sustentável, é possível que a Selic vá pra baixo de 11%".
Cenário internacional
Com o aumento da previsão de inflação mundial para 8,2% neste ano e 6,6% em 2023, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), devido à guerra no Leste Europeu, os juros devem continuar subindo ao redor do mundo.
Para Espírito Santo, a guerra é "uma maluquice do Putin" e não há como saber o que esperar, apenas que o juro vai subir. Nos Estados Unidos, segundo ele, pode chegar a 4,5%. "Ainda tem a questão da política de covid-19 da China, que afeta o mercado de commodities, fundamentais para nossa Bolsa" observou o especialista.
Onde investir, segundo os economistas entrevistados pelo Economia IG:
Se o ex-presidente Lula for eleito:
- Ações do setor de educação - devido a retomada dos programas de financiamento estudantil (ProUni e Fies);
- Ações do ramo de construção civil - pela volta de programas habitacionais, como o "Minha Casa, Minha Vida".
"O programa facilitou o crédito para aquisição de imóveis de preço mais baixo, dando origem a construtoras especializadas neste tipo de imóvel. Por mais que o programa esteja em vigor, a perspectiva para um governo petista é de um cenário mais favorável para as construtoras desse nicho (...) explicou a Órama, através de um relatório.
De acordo com o mesmo relatório, "um eventual governo Lula poderia ser novamente pautado por incentivos ao consumo das famílias, o que melhoraria enormemente as vendas destas varejistas (...).
Se o Bolsonaro for reeleito:
- É recomendada a venda de ações estatais - por conta da memória recente dos investidores que temem por uma política similar à de Dilma, marcada pelo "Petrolão".
A maioria dos fundos têm tirado as estatais da carteira justamente por isso, uma sensação de incerteza. "Um receio de que volte alguma das políticas que estavam no governo Dilma que prejudicavam as companhias (...)", explicou Gustavo Cruz.
A Órama prevê uma alta de 30% para a Petrobras (PETR4), caso o candidato do PL seja reeleito, por conta da manutenção da política de paridade internacional.
E você, o que espera dos candidatos?