Confira os movimentos dos mercados nesta terça-feira, 23.
O dólar comercial encerrou a segunda vendido a R$ 4,988, com alta de R$ 0,061 (+1,24%). A divisa iniciou o dia em leve alta, mas passou a disparar ainda durante a manhã, assim que o governo anunciou o programa Nova Indústria Brasil. Na máxima do dia, por volta das 13h45, alcançou R$ 4,99.
Com o desempenho da segunda, a moeda norte-americana acumula alta de 2,78% em janeiro. Somente nos últimos dez dias, o dólar subiu 2,68%.
O dia também foi tenso no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 126.602 pontos, com recuo de 0,81%. O indicador está no menor nível desde 12 de dezembro e acumula queda de 5,65% em 2024.
Há cerca de dez dias, o dólar começou a subir, e a bolsa a cair, por causa da expectativa de que o Banco Central norte-americano só comece a cortar os juros em maio. Taxas altas em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.
Na segunda-feira, porém, prevaleceram as preocupações com os efeitos da política industrial sobre as contas públicas. Isso porque o plano, que prevê R$ 300 bilhões em financiamentos e medidas como subsídios e incentivos tributários, trará dificuldades à equipe econômica em atingir a meta de zerar o déficit primário neste ano, como determina a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
No exterior, as principais bolsas subiram na segunda e o dólar encerrou o dia praticamente estável, com pequena alta em relação às principais moedas internacionais.
Mercados hoje
O dólar perdeu força e exibia baixa na manhã desta terça-feira, 23, com uma realização de lucros, após subir no mercado à vista nos primeiros negócios, estendendo ganhos de segunda-feira (+1,23%) e em janeiro (+2,76%). A moeda americana renovou mínima, aos R$ 4,9775 (-0,20%), ante máxima aos R$ 5,002 (+0,29%) após a abertura.
O recuo do mercado de câmbio é limitado pela valorização externa do dólar frente a outras moedas rivais e várias emergentes e ligadas a commodities, como peso mexicano e peso chileno, diante da subida dos juros longos dos Treasuries nesta manhã.
O mercado mostra reação limitada à entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao programa Roda Viva, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a uma radio em Salvador, enquanto aguarda pelos dados da arrecadação federal de dezembro (10h30).
Haddad disse que uma eventual revisão da meta de déficit zero traçada para 2024 não foi discutida recentemente com o presidente Lula, mas pontuou que "houve desidratação" das medidas apresentadas pelo governo ao Congresso. Do lado da receita, o ministro voltou a defender a revisão da desoneração da folha de pagamentos, de forma gradual, e disse esperar uma decisão a respeito até a próxima semana.
Segundo ele, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), "não pareceram refratários a dialogar reoneração", após ruídos no mercado ontem por temores de que o debate sobre a desoneração provoque uma antecipação na decisão de rever a meta fiscal. Haddad disse não temer problemas na tramitação da agenda econômica no Congresso em 2024 e reiterou ser necessário ter cautela com os benefícios fiscais, que precisam ter limites de prazo e contrapartidas definidos em lei. "Não está havendo aumento de carga tributária, não criamos impostos ou elevamos alíquotas", reiterou. Ao ser questionado sobre a agenda de corte de gastos, defendeu começar a discutir custos "pelo andar de cima".
Sobre o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), Haddad disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Felipe Carreiras e membros do seu futuro gabinete discutiram em 2022 um limite total para o Perse, de R$ 20 bilhões, e não um acordo temporal. Lira rebateu o ministro: "Ele não combinou comigo. Combinou R$ 25 bilhões com o Congresso."
Já o presidente Lula disse mais cedo, em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, que o "Congresso tem tido compreensão necessária das coisas que temos que fazer" e que não tem do que reclamar da relação do Poder Executivo e o Congresso. "Negociações com o Congresso estão indo, senão 100% do que queríamos, mas 60%, 70%".
O IPC-S acelerou de 0,49% para 0,59% na passagem da segunda para a terceira quadrissemana de janeiro. Com o resultado, o índice acumula alta de 3,33% em 12 meses, após 3,23% na leitura anterior.
Às 9h36, o dólar à vista tinha queda de 0,11%, a R$ 4,9820. O dólar para fevereiro perdia 0,17%, a R$ 4,9870. Em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos estava a 4,406% (igual ao anterior no fim da tarde de segunda), enquanto o da T-note de 10 anos subia a 4,130% (ante 4,105%) e o do T-bond de 30 anos avançava a 4,355% (ante 4,324%).