Nível mundial de transações do tipo foi o maior da história no ano passado.
De acordo com um estudo realizado pela Bain & Company, o Brasil teve valor recorde de fusões e aquisições (conhecidas pelo termo M&A - abreviação em inglês de "mergers and acquisitions") em 2021. Ao todo, o país movimentou US$ 66 bilhões de dólares, o maior valor anual em mais de dez anos. Já o valor agregado de M&A mundial foi o maior da história no ano passado, chegando a US$ 5,9 trilhões de dólares.
O estudo apontou que dois fatores impulsionaram o resultado do Brasil: o contexto macroeconômico favorável - com baixas taxas de juros e câmbio desvalorizado comparado ao dólar - e o número recorde de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), um total de 46. A movimentação foi de R$ 64 bilhões de reais, superando o antigo marco histórico no ano anterior.
"A altíssima liquidez no mundo permitiu que as empresas levantassem capital via equity ou dívida e a demanda acelerou porque há uma pressão geral sobre as corporações para que se tornem mais competitivas em um mundo cada vez mais digital" disse Luis Frota, sócio da Bain & Company, para o site Valor Econômico. Segundo ele, essa pressão para aumentar a conectividade se traduziu em aquisições de players de tecnologia e nas operações de fusão de escala - quando empresas compram outra do mesmo setor.
Segundo o relatório, no Brasil aproximadamente metade do valor total das movimentações de M&A correspondem a grandes transações, acima de R$ 10 bilhões de reais. A maioria dessas transações visavam a consolidação de diferentes segmentos. No setor de energia, por exemplo, houve a compra da Biosev pela Raízen. Já no setor de saúde, ocorreu a fusão entre a Hapvida e o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI).
Segundo a Bain, foram identificadas nas operações de metade das empresas que acessaram a bolsa em 2021 a pretensão de utilizar uma parcela dos recursos arrecadados na entrada para realizar aquisições. O estudo ainda apontou que 61% destas empresas de fato realizaram aquisições até o começo de 2022.
"Nossa expectativa é que as empresas capitalizadas no ano passado que sinalizaram a estratégia de aquisições, mas ainda não fizeram movimentos, realizem as compras ou fusões em 2022", disse Frota para o site Valor Econômico.
Fusões e aquisições em 2022
Já em 2022, a Bain & Company prevê o mercado de M&A ainda aquecido devido a alguns fatores, como o número significativo de empresas com condições financeiras para isso.
Para Felipe Cammarata, sócio do Bain em São Paulo, também em entrevista ao Valor Econômico, há uma agenda favorável do governo de concessões e privatizações que ajudam no movimento de M&A no Brasil.
Segundo o executivo, a agenda veio acelerando ao longo dos últimos anos, e em 2021 obteve fusões e concessões importantes possibilitadas pelos marcos legais, como o de saneamento e outros. Cammarata citou como exemplo o leilão da Cedae, no Rio de Janeiro, que movimentou R$ 30 bilhões de reais. Apesar disso, para ele, "tudo o que for muito controverso provavelmente vai ser tirado da pauta".
E você, como acha que estará o mercado de M&A neste ano? Conte para a gente nos comentários!