Especialista em governança destacou que o candidato não tem experiência no setor de petróleo.
O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou na segunda-feira (23) a demissão de José Mauro Coelho, presidente da Petrobras, que permaneceu apenas 40 dias no cargo. O novo indicado para assumir o comando da petroleira é Caio Mário Paes de Andrade, atual chefe da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, do Ministério da Economia.
"O Brasil vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais", informou nota oficial do MME sobre a nova troca de comando da estatal.
"Adicionalmente, diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos. Dessa maneira, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo. Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade" acrescentou o MME.
Quanto ao novo indicado para a presidência da Petrobras, o governo afirmou que "o indicado reúne todos as qualificações para liderar a companhia e superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras".
O novo presidente da Petrobras?
De acordo com os especialistas em governança do Estadão/Broadcast, Andrade não cumpre dois requisitos básicos para assumir o cargo de presidência.
Para se tornar o CEO da Petrobras, Andrade terá que passar primeiro pelo crivo do Comitê de Elegibilidade (Celeg) da estatal e depois por uma Assembleia Geral Extraordinária, processo que deve durar cerca de 45 dias.
O especialista em governança Renato Chaves, que já fez parte da diretoria de participações do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), manifestou sua opinião para o Estadão sobre a aceitação de Andrade no cargo: "o comitê vai dizer 'não' porque ele não tem nenhuma experiência no setor de petróleo e abre brecha para contestação dos (acionistas) minoritários. Se o comitê diz que não é capaz, como aceitar?".
Ainda assim, Chaves destacou que mesmo que a resposta do comitê seja negativa, o conselho tem o poder de aprovar Andrade para a presidência, já que o órgão é consultivo.
Em contrapartida, o advogado Leonardo Pietro Antonelli, que já integrou o conselho da Petrobras, disse para o Estadão que não acredita que será difícil emplacar o nome de Andrade para a presidência da estatal, já que o governo tem a maioria das cadeiras no conselho, seis de 11, enquanto o parecer do Comitê de Elegibilidade é apenas consultivo. Além de que o histórico de indicações é favorável, como observou Chaves.
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