Setor de transportes teve alta de 0,6% e foi o que mais influenciou o resultado.
O setor de serviços cresceu 0,7% na passagem de maio para junho, segunda alta seguida, acumulando ganho de 2,2% desde março deste ano. Com isso, o setor se encontra 7,5% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 3,2% abaixo de novembro de 2014 (ponto mais alto da série). Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (11) pelo IBGE.
Das cinco atividades investigadas, quatro registraram crescimento. Luiz Almeida, analista da pesquisa, destaca que o setor de transportes, com alta de 0,6%, foi o que mais influenciou o resultado em junho. "Neste mês, a maior influência positiva veio do setor de transportes, com destaque para o transporte dutoviário, transporte rodoviário de cargas e transporte coletivo de passageiros. O setor de transportes encontra-se 16,9% acima do patamar pré-pandemia, ultrapassando esse nível em maio de 2021 e se mantendo acima desde então. Ou seja, já são 14 taxas acima do nível de fevereiro de 2020. O setor foi beneficiado inicialmente pelo aumento do transporte de cargas, muito disso devido ao aumento observado nas vendas online durante a pandemia, gerando impacto na cadeia logística, e, posteriormente, a recuperação do transporte de passageiros ajudou a impulsionar o setor."
Os serviços profissionais, administrativos e complementares, com aumento de 0,7%, também se destacaram positivamente, com o aumento das atividades relacionadas a organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções; atividades técnicas relacionadas à arquitetura e engenharia; serviços de engenharia; e vigilância e segurança privada. "O setor obteve a segunda taxa positiva seguida, acumulando um ganho de 1,8% nos dois últimos meses. Este crescimento leva o setor à um patamar 7,1% acima do patamar pré-pandemia, operando acima deste nível desde dezembro de 2021", destaca o analista.
Em seguida, o setor de outros serviços teve alta de 0,8%, com destaque para as corretoras de títulos e valores mobiliários e administração de fundos por contrato ou comissão. O setor se encontra 2,0% acima de fevereiro de 2020. "Ele tem uma trajetória um pouco diferente dos outros setores pois não sofreu tanto ao longo da pandemia, principalmente, por conta dos serviços financeiros auxiliares, muito devido ao influxo de novos investidores. Em agosto de 2020 já estava acima do nível pré-pandemia e depois voltou a cair, apresentando um comportamento um pouco errático e diferente dos outros grupos", analisa Almeida.
Já os serviços prestados às famílias tiveram alta de 0,6%, com destaque para os serviços de artes cênicas e espetáculos, bem como para a gestão de instalações esportivas. "Apesar de ainda ser o único setor abaixo do patamar pré-pandemia, vem mostrando trajetória de crescimento e se aproximando cada vez mais da recuperação. O ponto mais baixo foi em abril de 2020. Esta já é a quarta taxa positiva seguida, acumulando 9,3% de alta após uma queda acumulada de de 1,1% nos dois primeiros meses do ano", explica Almeida.
O único setor em queda foi o de informação e comunicação (-0,2%), puxado por portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet. Segundo Almeida, "o setor de tecnologia da informação, nesse mês, teve uma pequena queda, mas ao longo dos últimos meses vem mostrando recordes de patamar, tendo atingido seu nível mais alto em maio de 2022".
Regionalmente, dez das 27 unidades da federação tiveram aumento no volume de serviços entre maio e junho, com impactos mais importantes vindos do Rio de Janeiro (2,4%), seguido por Paraná (2,5%), Rio Grande do Sul (2,1%) e São Paulo (0,2%). Em contrapartida, Minas Gerais (-3,0%) exerceu a principal influência negativa (-3,0%), seguido por Amazonas (-5,1%), Ceará (-3,8%) e Pernambuco (-2,4%).
"No Rio de Janeiro, o destaque foi transporte dutoviário, navegação de apoio e serviços de engenharia geralmente ligados ao setor de óleo e gás", detalha Almeida.
Serviços avançam 6,3% na comparação interanual
Na comparação com junho de 2021, o volume do setor de serviços teve alta de 6,3% em junho de 2022, registrando a 16ª taxa positiva seguida. Houve expansão em quatro das cinco atividades.
O analista da pesquisa explica que "o setor de transportes (9,8%) teve a principal contribuição positiva, impulsionado pelo aumento de receita das empresas de transporte rodoviário de cargas; rodoviário coletivo de passageiros; navegação de apoio marítimo e portuário; e ferroviário de cargas. Esta é a 17ª taxa positiva do setor nessa comparação".
Em seguida, as principais influências vieram de serviços prestados às famílias (28,2%); dos profissionais, administrativos e complementares (8,0%); e de informação e comunicação (0,9%). A única taxa negativa do mês veio do setor de outros serviços (-4,7%).
Nessa comparação, 24 das 27 unidades da federação tiveram avanços. A principal contribuição positiva ficou com São Paulo (7,9%), seguido por Rio Grande do Sul (15,3%), Minas Gerais (7,9%) e Paraná (5,3%). Em sentido oposto, o Distrito Federal (-6,9%) assinalou o resultado negativo mais importante do mês, seguido por Rondônia (-6,2%) e Acre (-11,7%).
Serviços crescem 8,8% no primeiro semestre de 2022
No acumulado do primeiro semestre de 2022, o volume de serviços cresceu 8,8%. "O principal impacto veio também do setor transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,9%), seguido por serviços prestados às famílias (36,2%); profissionais, administrativos e complementares (8,3%) e informação e comunicação (3,0%). Outros serviços vêm com impacto negativo (-4,2%)", detalha Almeida.
Já o acumulado em 12 meses vem apresentando diminuição de ritmo, ao passar de 11,7% em maio para 10,5% em junho de 2022. "Essa desaceleração vem sendo observada desde abril, quando estava em 12,8%, indicando uma queda do efeito de base deprimida, completa o analista.
Atividades turísticas caem 1,8% em junho
O índice de atividades turísticas caiu 1,8% frente ao mês imediatamente anterior, após ter avançado por três meses consecutivos, período em que acumulou um ganho de 10,7%. Vale destacar que o segmento de turismo ainda se encontra 2,8% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Segundo Almeida, "o que puxou as atividades turísticas para baixo esse mês foi o transporte aéreo, devido ao aumento do item passagens aéreas no IPCA em junho".
Regionalmente, sete dos 12 locais pesquisados acompanharam este movimento de queda. A influência negativa mais relevante ficou com São Paulo (-2,2%), seguido por Rio de Janeiro (-1,2%), Distrito Federal (-3,3%), Espírito Santo (-6,6%) e Pernambuco (-2,5%). Em sentido oposto, Rio Grande do Sul (4,7%) assinalou o principal avanço em termos regionais.
*Este conteúdo foi produzido pela Agência IBGE de Notícias.