Rotação de carteiras e diferencial de juros vêm favorecendo o real.
Com o dólar comercial voltando à casa dos R$ 5 reais, a moeda americana atingiu seu menor nível frente ao real desde 1º de julho de 2021. O dólar está caindo devido a uma apreciação da moeda brasileira durante esse período. A rotação de carteiras e o diferencial de juros são os motivos para essa valorização.
Os investidores - inclusive estrangeiros - estão animados com a moeda brasileira, mesmo com as adversidades no cenário mundial. A tensão entre a Rússia e a Ucrânia e a perspectiva de uma forte alta de juros nos Estados Unidos também têm favorecido o real, segundo especialistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico.
Rotação de carteiras
Um dos motivos que justificam a apreciação do real é que os investidores ultimamente têm migrado de ativos growth (com potencial de grandes retornos e desempenho acima da média do mercado) para ativos de value (com potencial de maximização de retorno por serem subvalorizados - estando abaixo do seu valor "real").
Normalmente os investimentos growth estão relacionados a ações de tecnologia, por elas baterem a média do mercado, mas os agentes financeiros têm colocado essas empresas em segundo plano neste ano. O índice de tecnologia de Wall Street já conta com perdas de 15% neste ano, segundo a reportagem.
Duas situações contribuíram para o ajuste no preço das ações voltadas para a tecnologia e para a migração dos investidores para ativos de value: ações de tecnologia sofrendo com a correção dos valuations (valor intrínseco da empresa) e os indícios do Federal Reserve (Fed) de que haverá um ciclo de alta de juros mais rápido nos EUA.
É possível perceber a demanda por ativos value pela quantidade de capital estrangeiro que está entrando na B3. De acordo com dados fornecidos pela bolsa de valores até o dia 18 de fevereiro, o acumulado mensal de influxo chegou a R$ 23,31 bilhões de reais, levando o anual a R$ 55,80 bilhões de reais.
Juros
Outro motivo para a apreciação do real é a diferença de juros entre o Brasil e outros países. Hoje, a Selic (taxa básica de juros) está a 10,75%, e a expectativa do mercado para o fim do ano é de uma taxa de 12,25%. Os investidores perceberam isso, e logo o real voltou a ser carry trade (operações em que o especulador tenta se beneficiar das diferenças entre as taxas de juros interna e externa).
O grande fluxo de capital estrangeiro que está entrando na bolsa é chamado de "smart money", um dinheiro "oportunista" que possui uma natureza passageira. E os juros não têm atraído somente os estrangeiros, mas também os próprios brasileiros que, enquanto a Selic estava em suas mínimas históricas, resolveram diversificar internacionalmente seus portfólios e vincular uma parte do patrimônio a uma moeda estrangeira.
Deu vontade de investir após ler sobre a valorização do real? Clique aqui para agendar uma consultoria especializada!